Enviada em: 02/11/2017

Se eu morresse amanhã   Os escritores do ultrarromantismo, como Álvares de Azevedo, exaltavam em suas obras a morte como a saída para a angústia de viver e existir. Nesse sentido, essa visão ainda perdura entre os jovens, os quais buscam no suicídio a cura para seus males. Dessa forma, a proteção à vida é colocada em xeque tanto por distúrbios psicológicos quanto por atos sociais.     A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se aos transtornos mentais. Segundo Augusto Cury, psiquiatra e escritor brasileiro,  a depressão é o último estágio da dor humana. Sob tal ótica, é inquestionável que essa doença proporciona um mal desmensurado para o indivíduo. Nessa perspectiva, não só ela como também o trauma, a ansiedade e a bipolaridade são enfermidades capazes de desencadear uma série de ações autodestrutivas e pensamentos suicidas. Desse modo, a vítima prefere acabar com a vida a ter que conviver com a dor.      Além disso, vale ressaltar que essa situação é corroborada por questões socioculturais. Isso porque, em um contexto no qual o tabu e a falta de apoio são intrínsecos ao suicídio, o seu combate é praticamente inexistente e supérfluo. À vista disso, observa-se que a escassez de conhecimento sobre o assunto propicia atitudes discriminatórias, fato esse evidenciado na série "Os 13 Porquês", na qual a vítima foi julgada pelos outros personagens como uma pessoa que só queria chamar atenção. Dentro dessa lógica, a ignorância e a intolerância põem em risco o direito a vida.       Depreende-se, portanto, que fatores psíquicos potencializam atitudes da sociedade. Torna-se importante que o Estado, na figura do Ministério da Saúde, forneça tratamentos mentais gratuitos e de qualidade, através de um ambiente adequado e profissionais como psicólogos, a fim de oferecer ajuda e minimizar atos suicidas. Ademais, urge que a mídia, por meio de intervenções lúdicas, transmita sobre essa problemática, com propósito elucidar e desmascarar mitos populares. Com essas medidas, a procura pela  morte ficará restrita aos poemas da geração Mal-do-Século.