Enviada em: 03/11/2017

Por uma nova chance aos jovens     Na obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, escritor da segunda geração modernista, o personagem Sem-Pernas, durante uma fuga da polícia, suicida-se, atirando-se de um morro. Apesar de se tratar de um ato lastimável, o suicídio é uma realidade presente, porém silenciosa, entre os jovens brasileiros. Essa parcela da população, por não possuir lugar social fixo, torna-se ainda mais vulnerável, necessitando enormemente de diálogo sincero sobre suas vidas.         Nesse sentido, muitos dos jovens que já deslumbram o suicídio como solução para seus problemas poderiam deixar de fazê-lo caso houvesse alguém que pudesse ouví-los. O homem possui uma necessidade natural em se relacionar socialmente, como defende o filósofo grego Aristóteles, ao relatar, em seus escritos, a importância da vida na pólis para a alma humana. Não obstante, o individualismo onipresente no mundo contemporâneo impede que os jovens possam se relacionar efetivamente com os outros, tornando-se solitários.     Outrossim, um motivo importante para os jovens permanecerem nesse estado de aflição é a incerteza quanto ao seu lugar na sociedade. Frente às rápidas e constantes mudanças no cenário socioeconômico atual, a sensação de vulnerabilidade apreendida pelos mais novos é intensa, o que gera uma angústia em relação às suas próprias vidas. Nesse contexto, Max Weber, importante sociólogo alemão, em seu trabalho sobre o suicídio, alerta para a influência que o meio possui na decisão das pessoas de retirar a vida.      Portanto, para que o suicídio entre os jovens brasileiros deixe de ser uma realidade, faz-se necessário adotar medidas urgentes. Em um primeiro momento, por meio de palestras com profissionais e pelo diálogo com os próprios professores, escolas devem apresentar a seus alunos a dimensão da vida humana, que não se resume somente à formação acadêmica e empregos, tranquilizando-os quanto a seus futuros. Ademais, para que os jovens que se sentem inclinados ao suicídio possam mudar de ideia, o SUS deve disponibilizar mais psicólogos que possam ouví-los e orientá-los. Assim, não mais haverá Sem Pernas no Brasil.