Enviada em: 02/11/2017

No limiar do século XXI, o crescimento exponencial das taxas de suicídio é um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade brasileira. O sociólogo, Zygmunt Bauman, em seu postulado, Modernidade Líquida, afirma que a individualidade e o surgimento de preconceitos são algumas das características mais acentuadas da pós-modernidade. Inserido no contexto atual, a ausência de empatia e a padronização do ser se transfiguram como mecanismos de supressão que tornam o indivíduo uma constante incapaz de autossatisfação, procurando no suicídio, um meio de escape das relações de imposição social.     O suicídio como forma de abdicação da vida em detrimento da dor não é uma causa atual. Na poesia brasileira, o poeta simbolista, Alphonsus de Guimarens, discorre em sua obra literária, Ismália, a loucura, desilusão e busca pela dualidade, onde a protagonista encontra no suicídio uma forma de livrar-se das dores de um sonho impossível. Fora da literatura, mas permanecendo de maneira análoga à mesma, o suicídio se torna responsável por tornar exíguo valores que deveriam ser intrínsecos ao ser humano, como o respeito, o amor e a vida; consolidando ainda por cima, a Modernidade Líquida de Bauman, uma vez que o ser humano é mais do que um formador da sociedade, ele é um produto dela.    Os padrões impostos pelos veículos midiáticos às relações sociais são responsáveis por deixar marcas indeléveis na estrutura coletiva de um país em desenvolvimento, como o Brasil; posto que a busca por formas físicas e psicológicas inalcançáveis acabam por acarretar na criação de estereótipos e estigmas sociais; esses, por vez, resultam na intensificação da intimidação sistemática nos meios educacionais, no crescimento dos índices de depressão e, por fim, no suicídio. Dessa forma, se torna nítido a afirmação que o suicídio vai além de um ato individual, a abdicação da vida se exterioriza como um fato social.     Em virtude dos fatos mencionados, se torna imprescindível o investimento em políticas públicas que visam a solução da problemática. O Ministério da Educação, deve propor palestras ministradas por Cientistas Sociais, cujo eixo temático seja os efeitos do suicídio para a sociedade e a importância de se combater essa problemática com uma reeducação das ações sociais; em consonância, se torna imprescindível que o Ministério da Saúde invista em visitas periódicas, feitas nas escolas, por psicólogos, tendo por objetivo identificar potenciais comportamentos suicidas. Destarte, poder-se-á modificar o país visando um bem coletivo.