Enviada em: 20/04/2019

Na Idade Média a imposição da violência era vista como atitude de quem tivesse poder. Desse modo, pessoas se reuniam no Coliseu, em Roma, e assistiam gladiadores guerrear até a morte e essas lutas eram justificadas como valores culturais. Diante de tal premissa, percebe-se que a violência associada ao poder perpetua na contemporaneidade, evidencia disso são os inúmeros casos de agressividade nos esportes brasileiros. Dessa maneira, surge uma problemática que persiste intrinsecamente ligada à realidade social, seja pela ineficácia das leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.    É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. Nesse contexto, a violência relacionada ao esporte rompe com essa consonância, uma vez que, embora a Lei Estatuto de Defesa do Torcedor regulamente a proteção dos fãs do esporte, há lacunas que permitem a ocorrência dos crimes ligados à violência. Além disso, a identificação dos responsáveis por eventual descumprimento das normas é ainda escassa e precária, fato que contribui para que os infratores sejam impunes, aumentando o índice de reincidência.    Sob outra esfera, é notável que a constituição familiar é o cerne para o posterior desenvolvimento do indivíduo. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de exterioridade, coercitividade e generalidade. Nesse sentido, é possível relacionar a violência no esporte brasileiro à teoria do sociólogo, haja vista que, se uma criança é incentivada, desde muito cedo, a torcer pelo "time da família", isso vai reproduzir um sentimento de supervalorização que acaba desenvolvendo um fanatismo esportivo quando este torna-se adulto. Assim, o sentimento de superioridade, transmitido de geração para geração funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.   Entende-se, portanto, que a continuidade da violência nos diversos setores do esporte brasileiro é fruto da fraca eficácia das leis e da permanência do fanatismo como fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de maior fiscalização nos estádios e ginásios de esportes, realizando o cadastramento de visitantes para futuras identificações, além da implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de violência. Ademais, a mídia deve fazer campanhas de abrangência nacional como estímulo a não violência e a denúncia de agressores. Desse modo, o culto a violência nos esportes será gradativamente minimizada e se tornará apenas uma característica da Idade Média.