Enviada em: 06/05/2019

A seleção brasileira de futebol é referência mundial e parte marcante da identidade nacional, refletindo nos eventos internacionais a união, o lazer e a celebração da sociedade como um todo. Entretanto, em uma visão mais interna desse esporte no país, o que chama atenção não é o título de penta campeão mundial, mas sim a persistência do alto índice de violência nos estádios, a qual é deflagrada pelo fanatismo de alguns torcedores e pela segurança ineficaz nesses estabelecimentos.      É relevante abordar, primeiramente, que a ideia do ‘’fair play’’ é descaracterizada no momento em que os jogadores e fãs assumem uma postura maniqueísta e passam a encarar o futebol como um campo de batalha ao invés de valorizar a tradição cultural atrelada ao esporte. Nessa conjuntura, as crianças crescem aprendendo a adorar o clube da família e a ver no outro o inimigo, tendendo muitas vezes para a agressão, verbal ou física, como meio de representar um tipo de defesa e supremacia de um time sobre o outro. Tal atitude em detrimento dos reais valores de inclusão e superação do jogo culmina nas manifestações de racismo e vandalismo dentro e fora das arquibancadas.     Paralelo a esse aspecto, é lícito referenciar que, embora já tenham sido registrados aproximadamente 101 casos de mortes em conflitos nos estádios, apenas 3 foram julgados. Essa estatística contrastante é resultado da falta de infraestrutura da segurança nos estádios, que dificulta a identificação dos envolvidos nos ataques, deixando os culpados impunes e aumentando a chance de reincidência. Com efeito, privados pelo medo da violência, cada vez mais torcedores têm evitado as partidas ao vivo e o uso das camisas tão amadas.     Evidencia-se, portanto, que essa problemática é perpetuada devido às raízes ideológicas e estruturais. Diante disso, faz-se necessário que a Secretária de Segurança Pública crie para todos os estados, assim como ocorreu no Rio de Janeiro, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE), mediante o direcionamento de agentes para ações específicas de cadastramento dos torcedores, do uso de reforço policial e da expulsão temporária aos que desviarem da pacificidade entre os jogos, a fim de combater esse tipo de conduta agressiva. Simultaneamente, é importante que os clubes realizem juntos ações amigáveis para desconstruir a imagem de rivalidade e inspirar os torcedores a reproduzir essa convivência harmônica.