Enviada em: 30/04/2019

TEMA:"Desastre em Brumadinho e a gravidade da reincidência dos crimes ambientais."        “O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse mais leve a carga. Entre estatais e multinacionais, quantos ais. A dívida interna. A dívida externa. A dívida eterna.” Apesar de o poema Lira Itabirina de Carlos Drummond de Andrade ter sido publicado em 1984, tem-se, atualmente, um contexto análogo ao desastre em Brumadinho e a reincidência dos crimes ambientais. Nesse sentido, é necessário analisar a negligência das autoridades e a famosa “cultura do jeitinho brasileiro” que corroboram com a dívida eterna da morte não só ambiental.        A princípio, vale destacar que, o descaso do Estado é um dos principais responsáveis pela reincidência dos crimes ambientais. Pois, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Brasil conta com 35 fiscais para fiscalizar 790 barragens em todo o país, deixando nítido o desinteresse pela segurança do meio ambiente e da sociedade brasileira. Em decorrência dessa desatenção das autoridades, as leis que regulamentam as empresas responsáveis pelas barragens encontram-se em estado de anomia. De forma análoga ao pensamento do sociólogo alemão Dahrendorf, no qual as normas reguladoras do comportamento humano perdem sua validade.        Paralelamente ligado ao descaso do Estado, está a cultura secularmente cultivada pelos brasileiros de ser reativo, não proativo, de não prevenir, apenas reagir, conhecido popularmente como: jeitinho brasileiro. Conforme o sociólogo Robert Putnam, quanto maior a colaboração social, em termos de cobrança e participação, menor serão os problemas enfrentados. Nesse contexto, percebe-se que, o povo brasileiro aceita as improvisações e o desrespeito das leis, por crê que essa burla no sistema às vezes é causa de redenção.        Portanto, é notório que o desastre em Brumadinho e a reincidência dos crimes ambientais é um problema relativo não só ao descaso das autoridades. Desse modo, é necessário que as empresas mineradoras com intuito de reduzir os impactos ambientais em parceria com as Universidades Federais, e invista em pesquisa para fomentar os estudos sobre pautas ambientais, e assim, incrementar a cultura de prevenção tão negligenciada no país. Ademais, é necessário mudar o estado de anomia com uma maior fiscalização do Estado.