Enviada em: 23/04/2019

As dificuldades de obter auxílio médico e o surgimento da internet facilitou os indivíduos a procurarem ajuda de uma maneira simples: pergunta-se ao Google, maior portal de pesquisa online. A situação, no entanto, torna-se perigosa, visto que a miscelânea de informações obtidas pela internet pouco esclarece ao leigo. Hodiernamente, usa-se o mundo virtual para adquirir conhecimentos em saúde e se autodiagnosticar, com riscos potenciais à saúde. Luiz Felipe Pondé, filósofo brasileiro que já escreveu sobre os riscos do mundo acabar submerso em álcool em gel, revela a preocupação excessiva com a higiene e saúde, que leva a hipocondria. No mundo digital, então, surge  a "cibercondria", termo cunhado para os hipocondríacos que se informam pela internet.       Primeiramente, há um ponto de não retorno. Na era digital, sites e interações entre usuários veio pra ficar e o interesse em pesquisas por saúde nas redes tem tendência apenas de crescimento. A cada dia mais, estas facilitam o processo de disseminação de dicas e orientações médicas, porém muitas destas sem fontes confiáveis ou que podem ser interpretadas com clareza para o cidadão comum. É certo que a dificuldade de obter atendimento médico, seja com os caros planos de saúde ou as filas intermináveis da saúde pública, estimule tal comportamento. Se a figura do médico é distante para boa parte dos brasileiros, portais de saúde são acessados rapidamente e sem custos.       Conforme à essa situação, avoluma-se casos de automedicação e autodiagnósticos, prática catastrófica para a sociedade. Ao primeiro sinal de uma doença, pesquisa-se sintomas, mas enfermidades, de maneira geral, compartilham reações patológicas similares e o internauta, então, logo conclui que ele pode estar acometido de qualquer mal, comportamento que leva à "cibercondria". Mais uma vez, a distância dos médicos até pacientes estimulam a prática de grupos que, infelizmente,  trocam também informações e achismos, como ativismos anti-vacina, sugerindo práticas que carecem de embasamento científico.       Deste modo, é irreversível o movimento de cibercondria e deriva-se fortemente da dificuldade de acesso a saúde com a facilidade de acesso a informações na internet. O Conselho Regional de Medicina deve agir, em conjunto com o Ministério da Saúde, na criação e regulamentação de um sistema de consultas por videoconferências robusto e confiável, que barateia custos e o cidadão tem acesso a profissionais de saúde competentes dentro de casa, com possibilidade de criar plataformas que funcionem como clínica de poliespecialidades. Tal sistema, sob supervisão da Anvisa, como já ocorre com planos de saúde e SUS atualmente, pode ser uma solução que tenta conciliar os novos hábitos com o desejo de obter informações de credibilidade e individualizada.