Enviada em: 25/07/2019

O sociólogo Durkheim alegava que a consciência coletiva é imprescindível à coesão social. Nessa perspectiva, a falta de empatia com o próximo, inerente as consternações as quais dificultam o combate à cibercondria, interfere nas relações sociais e do bem-estar comum. Isso se deve, sobretudo, à ansiedade pessoal por meio de sintomas conflitantes em relação à saúde, bem como à carência das discussões sobre tal infortúnio em ambientes familiares. Essa circunstância suscita uma atuação mais arrojada entre o Estado e as instituições formadoras de opinião, com o fito de superar tais mazelas.       De fato, é indubitável que a questão emocional e sua aplicação contribuam para potencializar o problema. Nesse viés, o Datafolha comprovou a preocupação dos brasileiros com a saúde em 45%. Nesse ínterim, denota-se a constante angústia dos indivíduos acerca disso, haja vista ocorrer a pesquisa intensa sobre as causas e os sintomas de várias doenças. Esse impasse corrobora para o autodiagnóstico dos cidadãos, a julgar a inexistência, mormente, das fiscalizações no meio virtual e nas farmácias, o que, por sua vez, permite o acesso aos medicamentos sem a prescrição médica de forma indiscriminada. Por certo a tais fatos, o Instituto do mercado farmacêutico (ICTQ), constatou que a prática da automedicação atinge 79% dos brasileiros. Tal situação corrobora para o aparecimento de outras patologias em virtude do consumo inadequado dos remédios, o que amplia a problemática.       Outrossim, conforme o sociólogo Zygmunt Bauman, a presença da modernidade líquida se dá a partir da fluidez nas relações do cotidiano. Mediante tal premissa, a existência massiva de famílias desorganizadas está sensivelmente ligada aos casos de cibercondria. Essa situação abjeta relaciona-se a insuficientes diálogos entre os indivíduos, tendo em conta, muitas vezes, não considerarem a discussão em grupo necessária, ou inclusive, deterem as mesmas condutas de ansiedade. Com isso, o filósofo Pierre Bourdieu, em sua obra "Habitus" demonstra que a reprodução de comportamentos se disseminam para a geração, o que, fatalmente, incentivará os indivíduos a adotarem tal prática como sensata e, assim, possibilitar a perpetuação desse empecilho para a descendência.        Urge, portanto, que, diante da realidade nefasta da hipocondria digital, a necessidade de intervenção se faz imediata. Para tanto, cabe ao Estado, em consonância com a mídia, elaborar programas de assistência médica, por meio de ficções engajadas e das programações de saúde, com o intuito de divulgar o perigo da automedicação. Aliado a isso, é mister a fiscalização das drogarias e da "internet" com o uso de aplicativos, a fim de impedir a compra de medicamentos. Ademais, compete à escola, em conjunto com à família, promover fóruns de discussão pedagógica, com o escopo de estimular o senso crítico dos indivíduos, além do diálogo sobre tal temática. Logo, tal cenário mudará.