Enviada em: 08/08/2019

A cibercondria, também conhecida como hipercondria digital ou fenômeno do Dr. Google, é uma doença que surgiu com o advento da tecnologia e, para a medicina, se conceitua como uma psicopatologia na qual os indivíduos recorrem à internet para obter informações acerca do seu estado de saúde. Diante disso, é palpável afirmar que na atual era digital a disponibilidade e a facilidade de acesso a conteúdos podem representar riscos quando associados a essa doença, visto que a consulta de sintomas na esfera virtual, ao invés de um especialista, pode ter como resultado o agravamento de enfermidades, tanto físicas quanto mentais, e a automedicação.      Sob esse viés, mostra-se visível que a cibercondria está diretamente ligada à compulsão em relação à saúde e representa danos em virtude da abundância de resultados encontrados quando se pesquisa sobre sintomas. Ou seja, devido a uma obsessão por diagnósticos, geralmente reflexo de psicoses como a ansiedade e depressão, grande parcela da população brasileira, 26%, segundo pesquisa realizada pela empresa Google, recorre primeiro à internet ao sentir alterações em seu estado de saúde e muitos desses cidadãos não buscam a validação dos resultados por um profissional. Em decorrência disso, tornam-se altas as possibilidades de a pessoa chegar a uma conclusão equivocada e com isso ignorar a necessidade de uma consulta médica, de maneira a acentuar ou desprezar uma patologia.      Ainda nesse contexto, a hipercondria digital é efeito da carência de investimentos, por parte do Estado, na oferta de uma educação de qualidade no que diz respeito a cuidados com a saúde, porquanto muitos indivíduos não reconhecem os perigos da autoavaliação pela internet, fato corroborador do pensamento do físico alemão Albert Einstein de que "É aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade". Isto é, como produto da falta de ciência muitos indivíduos depositam maior confiança no ambiente cibernético do que em especialistas na área, sem reconhecer ou ignorando os perigos que essa atitude representa à própria vida. Além disso, outra consequência clara da falta de atenção à saúde é a automedicação, praticada por 79% dos brasileiros, conforme dados do ICTQ (Instituto de pós graduação para profissionais do mercado farmacêutico).      Faz-se evidente, portanto, que a tecnologia, embora seja importante para avanços na sociedade, trouxe consigo um fenômeno prejudicial que afeta milhares de brasileiros. Desse modo, com o fito de minimizar os impactos decorrentes da cibercondria, é necessário que o Estado, por meio de parcerias com universidades que oferecem cursos de ciências biológicas e sociais, como medicina, enfermagem e psicologia, promova às escolas políticas públicas, de modo a realizar palestras que abordem os perigos do autodiagnóstico e da automedicação, para assim possibilitar maior ciência aos indivíduos.