Enviada em: 25/10/2018

"Fome de que?"       Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil não registrava crescimento da mortalidade infantil desde 1990, devido a confluência de diversos fatores, como a aplicação de políticas sociais na promoção do aleitamento materno, da vacinação e da assistência médica gratuita durante o puerpério e o neonatal precoce e tardio. Por conseguinte, em 2014, o país saiu oficialmente do Mapa da Fome da ONU, por abrigar menos de 5% de sua população em situação de insegurança alimentar e nutricional. Todavia, a ocorrência de uma crise econômica mundial e o consequente corte orçamentário, promovido por meio da PEC do Teto de Gastos, a epidemia do Zika e a seca prolongada no Nordeste, provocaram uma inversão desse panorama desde 2016; em razão disso, o Brasil pode voltar ao Mapa da Fome.       A priori, a responsabilidade do governo com políticas específicas e políticas estruturais de fortalecimento da economia integradas entre si, tais como o Brasil Sem Miséria, que promove a busca ativa e o castramento de indivíduos em situação de hipossuficiência econômica e fragilidade social no CadÚnico - um banco de dados e instrumentos utilizado para a inclusão de famílias em programas de renda - foram, em grande parte, responsáveis pelos avanços conquistados. Doravante, a concentração de renda e a segregação de acesso aos alimentos, advindas do desperdício e do inchaço urbano, confluem no aumento da miséria e da mendicância, assim como dos índices de obesidade.        Consoante a isso, os alimentos frescos e saudáveis costumam ser caros, em detrimento dos industrializados - que são ricos em calorias e gorduras, porém são pobres em valor nutricional. Além disso, os índices decrescentes de adesão à imunização, a precariedade e incipiência territorial da oferta de saneamento básico e tratamento da água para consumo, compõem o extremo de fatores evitáveis que estão entre os principais sectários ao crescimento da mortalidade infantil. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, essas ocorrências de óbito são latentes, sobretudo, no primeiro mês de vida, acentuados por condições socioeconômicas de desigualdade.       Portanto, é necessário que o Ministério da Saúde em conjunto com o Governo Federal, suspendam as restrições fiscais feitas nos programas sociais, haja vista que as crianças não devem ser culpabilizada pelas crises econômicas. Em síntese, é necessário que os Ministérios façam uma análise criteriosa do direcionamento de recursos, por meio da Lei Orçamentária Anual (LOAs), visando focalizar os investimentos em setores de maior importância social à população. Nesse sentido, deve-se promover a educação continuada e gratuita nas comunidades, e a saúde, principalmente durante a gestação e nos primeiro meses de vida da criança, para que o Brasil não retorne ao Mapa da Fome.