Enviada em: 22/07/2018

O medo é a forma mais eficaz de controle social: pode ser usado para minimizar os inerentes riscos, como também deformar a percepção destes. Nesse sentido, a energia nuclear tem sido historicamente associada tanto a uma esperança salvadora como a um medo apocalíptico, colocando em discussão o caráter dúbio e bilateral da questão.     Convém ressaltar, a princípio, que a sociedade atual tem sido beneficiada com o advento do uso de técnicas nucleares. Como exemplo, vê-se, hoje, o uso intensivo de energia nuclear nos hospitais – na detecção, prevenção e cura de doenças como o câncer -, além de sua utilização na geração de energia elétrica nas chamadas usinas termonucleares. Entretanto, apesar de ter possibilitado melhorias na saúde pública e na oferta de energia elétrica, o medo advindo do potencial de ocorrência de acidentes com o material radioativo, como o ocorrido em Goiânia pelo descarte irregular de césio-157, mostram que, apesar de a tecnologia nuclear ter a possibilidade de ser benéfica, deve, sobretudo, ser manejada com responsabilidade e cautela, de modo a não acarretar danos aos seres humanos e ao meio ambiente.     Por outro lado, é válido ressaltar os malefícios do uso de armas nucleares, principalmente para fins políticos. Seja para um Estado demonstrar supremacia às nações inimigas, seja para um grupo extremista que tenta impor sua ideologia ou seita, é fato que a tecnologia atômica tem sido utilizada para fins autoritários e supremacistas, impondo e explorando os medos das sociedades. Dessa forma, os ataques a Hiroshima e Nagasaki demonstram que o potencial de destruição existente pode causar genocídios em nome de uma guerra política; além disso, a inércia dos Estados em esforços para prevenir, detectar e responder ao terrorismo nuclear, agrava a mazela.    Infere-se, portanto, conforme supracitado, o caráter dual referente ao uso de energia atômica. Sem dúvida, a mesma traz soluções para muitas áreas, mas não raro acarreta problemáticas em conjunto. Desse modo, ao Estado cabe o financiamento de projetos de pesquisa nas universidades que, sobretudo, busquem respostas potencializadoras dos atuais benefícios usufruídos através da energia atômica, além de dados que ajudem na precaução de acidentes que coloquem os seres vivos em risco. Ademais, às nações cabe a organização de núcleos de inteligência que, em conjunto, visem a erradicação do contrabando de armas nucleares, pois, certamente, estas seriam usadas para fins maléficos. Por fim, à mídia fica o compromisso de veicular informações imparciais acerca da questão, evitando o alarmismo que fomenta o medo irracional na população.