Enviada em: 01/07/2018

Um debate polêmico recorrente discute se as cotas nas universidades são inclusão ou retrocesso. O Brasil vive um eterno embate relacionado à meritocracia e aos meios de ascensão social. Um país historicamente tão sedimentado nas diferenças não é capaz de transformar sua realidade e superar questões de raça e gênero por uma única geração, mas é possível fazer avanços importantes, sobretudo em âmbito local.       Primeiramente, a mudança de mentalidade e a devolução da dignidade dos excluídos deve ser transversal. Deve valorizar o papel daqueles que já contribuem para o país e dar oportunidade para aqueles que estão dispos-tos a ir adiante. Sem mencionar idades, o que importa é a possibilidade de acesso. É ter uma chance. Esse pensamento norteia a ideia das cotas para negros e pobres, que buscam condições melhores de vida.       Para tal, é importante que essa oportunidade é um requisito para que em algum momento haja meritocracia real no país. Isso se deve ao fato de que estudantes negros e pobres frequentam escolas públicas com qualidade e estrutura precárias. Isso prejudica sua competitividade no acesso à universidade pública e ao mercado de trabalho. Dados de pes-quisa da Uerj, entretanto, confirmam que esses alunos têm bom rendi-mento acadêmico: 49% concluíram o período de ingresso acadêmico sem reprovações curriculares, o que ilustra o alcance do propósito das cotas.       Assim, a discussão não pode estar centrada na existência das cotas em si, mas de como eles em um futuro próximo poderão ser desne-cessárias. Desta forma, cada universidade deve manter parcerias com as secretarias estaduais e municipais de educação, a fim de avaliar a qualidade local de ensino. Tais parcerias devem contemplar a participação da comunidade por meio de audiências públicas, em que os indivíduos beneficiados pelas cotas e seus meios de convivência possam exigir ações dos poderes executivo e legislativo. Com participação democrática, haverá um processo de melhoria das condições das escolas locais e do acesso natural de seus estudantes às universidades que as apoiam.