Enviada em: 24/10/2018

O conceito de equidade aristotélica traz consigo a ideia de que o tratamento desigual a parcelas específicas da sociedade, pode vir a potencializar a implantação da igualdade. Nesse contexto, tratar os indivíduos mais prejudicados dentro da sociedade de maneira diferente, pode vir a ser algo benéfico desde que a finalidade seja a inserção efetiva do indivíduo no meio social. Na contemporaneidade, a política de cotas atua nesse sentido, representando uma alternativa de ingresso à universidade -a fim da promoção da inclusão- a grupos socialmente e historicamente marginalizados.    Em primeiro lugar,é importante destacar, que a abolição da escravidão no Brasil apesar de garantir a liberdade dos negros, não permitiu a desconstrução da segregação social vigente, uma vez que, não promoveu a inclusão social, deixando-os a margem da sociedade.Nessa perspectiva, é notório que a ordem escravocrata brasileira,vigorante por mais de trezentos anos no país, deixa suas marcas até a contemporaneidade.Exemplo disso, é o baixo número de alunos negros nas universidades, que segundo pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2015 eram de 12,8%, entre jovens de 18 e 24 anos, contra 26,5% de jovens brancos na mesma faixa etária. Desse modo, ações afirmativas como as cotas raciais promovem a  inclusão dessa parcela mais vulnerável da sociedade e a reparação histórica do passado sombrio do país.    Ademais, é importante ressaltar,que embora perante a lei todos sejam iguais, existe uma profunda desigualdade em meio a sociedade brasileira. Jessé de Souza, em seu livro "A Elite do Atraso", defende a existência de uma "ralé brasileira" em que a falta de capital econômico e cultural projetam sobre o individuo desvantagens sociais. Nesse sentido, tem-se como exemplo de desvantagem da "ralé", o abismo existente entre a escola pública e a privada, em que a última, possui qualidade superior. Assim, o conceito meritocrático não se faz válido, uma vez que o poder aquisitivo permite o acesso a um ensino de melhor qualidade e ,consequentemente, melhor preparo para o vestibular, oque resulta em um processo injusto. Sob essa ótica, as cotas sociais representam a reparação dessa desigualdade, democratizando a universidade e permitindo o acesso de alunos mais pobres.      Diante disso, percebe-se a importância da valorização às cotas. O governo federal, portanto, deve veicular palestras nas universidades que demonstrem os bons resultados obtidos pelos cotistas,representado por pesquisas, de modo a mostrar que estes são capazes e merecem a vaga como qualquer aluno não cotista. Ademais, a mídia, por meio da TV aberta, pode veicular propagandas enfatizando a importância das cotas, legitimando-as e repudiando preconceitos contra estas. Somente assim, teremos oportunidades justas para toda a sociedade.