Enviada em: 02/02/2019

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017), nos últimos anos, o número de indivíduos autodeclarados pretos e pardos cresceu no Brasil. Atualmente, essa população é maioria, representando quase 55% dos cidadãos do país. Essa mesma proporção, entretanto, não é verificada nas universidades, nas quais os brancos seguem como a maioria mesmo após a implementação das cotas, o que se interpreta como um indicativo da necessidade de ininterrupção e ampliação de tal política de inclusão.      Em dez anos da adoção das cotas pelas universidades brasileiras, a quantidade de estudantes negros mais que dobrou, de 5,5% em 2005 para 12,8% em 2015 (IBGE 2017). O número é expressivo, embora ainda ilustrativo da desigualdade racial e social presente no país que mantém hasteada, hipocritamente, a bandeira da diversidade étnica.      Afirmar que as cotas representam um retrocesso significa ignorar uma realidade de disparidades e um presente que ainda não superou as marcas do regime escravocrata do qual o Brasil se livrou há pouco mais de um século. Sustentar que a reserva de vagas é desigual porque não adota o princípio da meritocracia não é um sofisma, entretanto, não deixa de ser um ignorância, já que esse sistema pressupõe uma situação de igualdade entre sujeitos. Além disso, ilustra o desconhecimento do processo de seleção dos candidatos, que leva em consideração também a renda familiar.      Em vista disso, portanto, compreende-se que as cotas são inclusivas e visam à mitigação do retrocesso étnico e social. Isso posto, percebe-se a importância de sua ampliação até que se atinja um patamar de igualdade, então representativo da constituição da sociedade brasileira. Para isso, é necessária a promoção da política de cotas pelos Governos Federal e Estadual, responsáveis pela gestão das universidades públicas do país.