Enviada em: 01/06/2019

Inclusão e preconceito    O processo de colonização do Brasil, em especial durante a grande produção açucareira, subjulgou os negros africanos por meio de sua escravização. Apesar da abolição da escravidão, em 1888, o racismo, potencializado na época, é ainda muito expressivo no país no ano de 2019. Por essa razão, cotas estudantis que facilitam o acesso ao ensino superior são oferecidas pelo Governo Federal aos brasileiros negros. No entanto, diversos problemas podem ser percebidos nesse sistema, dos quais destacam-se  a ineficácia da ação afirmativa contra o racismo e o possível aproveitamento das cotas por cidadãos não negros. Dessa maneira, surge o seguinte questionamento sobre as cotas nas universidades: representam  inclusão ou retrocesso?     Segundo Émile Durkheim, famigerado sociólogo francês, a sociedade é coerciva e influenciadora do indivíduo. Essa ideia aplica-se à questão apresentada na medida em que o sistema de cotas é visto por grande parte da população como prejudicial aos não beneficiados, uma vez que o número de vagas da ampla concorrência se reduz. Consequentemente, a sociedade é coergida a uma mentalidade cada vez mais racista, comprovando-se a ineficácia do sistema contra esse tipo de preconceito.     Por outro lado, são observados alguns casos nos quais um cidadão que não compõe a população negra do Brasil tira proveito das cotas raciais. Tal atitude é prejudicial ao sistema em questão, considerando-se que impede seus objetivos iniciais de inclusão da parcela popular historicamente marginalizada ao ensino superior. Nesse contexto, insere-se novamente a teoria de Durkheim, sendo realizada a manutenção do subposicionamento o negro no país pela coercividade social.     Portanto, é imprescindível que o Governo Federal, como responsável pelas cotas de inclusão, verifique as declarações étnicas dos estudantes e exija comprovação presencial dos indivíduos,  para que a concessão das cotas direcione-se, de fato, aos negros. Ademais, é de extrema importância que a mídia nacional, utilizando de seus meios publicitários, reforce a necessidade da efetivação do sistema de cotas estudantis na sociedade brasileira para diminuir o racismo no país, de modo a adquirir maior aceitação popular em relação à questão. Com tais medidas, a coercividade social de Durkheim atuará em favor da concretização da ação afirmativa nas universidades como mecanismo de inclusão.