Enviada em: 22/03/2018

Há 128 anos, a escravidão no Brasil foi proibida pela Princesa Isabel. Essa é a história que a maioria das pessoas conhecem. Contudo, o processo de abolição não foi imediato, visto que a população negra não teve nenhum tipo de política que a ajudasse a ter uma inserção digna na sociedade. Em contextos como esse, surge a possibilidade de realizar políticas afirmativas que visam corrigir desigualdades históricas, além das socioeconômicas. Entretanto, algumas pessoas não concordam com as cotas, afirmando que as mesmas são um retrocesso. Diante disso, deve-se analisar como as cotas agem atenuando as desigualdades.   A principal motivação para a adoção da cota racial está na correção de diferenças históricas que resultaram em padrões desiguais de inclusão social, e, mais especificamente, de acesso à educação. Isso ocorre porque o histórico de desigualdades dos 388 anos de escravidão ecoa até hoje nas diferenças socioeconômicas entre negros e brancos no país. De acordo com o jornal Nexo, apenas 12% da população preta têm ensino superior, enquanto que os brancos tem 31%. Por consequência disso, negros e brancos seguem em disparidade no mercado de trabalho pois qualificação profissional é extremamente necessário, e estudar em uma universidade pública faz toda a diferença na vida de uma pessoa.   Atrelada a cota racial, há a inclusão dos cotistas sociais, que são os estudantes advindos da rede de ensino pública. As vagas são destinadas a esse tipo de minoria social a fim de corrigir a injustiça na preparação, já que um estudante com melhor condição, por exemplo, foi melhor preparado que um que não pode pagar por benefícios tais como cursinhos e escolas privadas. Como resultado, se o sistema seletivo colocasse todos os candidatos na mesma modalidade de concorrência, as dificuldades de inclusão se consolidariam. As cotas sociais, seriam uma forma de equiparação, de acordo com o conceito de equidade aristotélica, que consiste em: tratar desigualmente os desiguais para se promover a efetiva igualdade.   Torna-se evidente, portanto, que no Brasil a adoção de políticas afirmativas no âmbito de educação superior é crucial para a chance de ascensão social da população prejudicada. Para maior aceitação das cotas, urge que o Ministério da Educação inclua o ensino obrigatório, na disciplina de Sociologia por exemplo, da discrepância entre as raças e classes sociais, com ênfase nas consequências disso na sociedade contemporânea, para que os indivíduos em formação intelectual cresçam com o senso crítico de que o problema tem de ser resolvido. Dessa forma, o ideal de concepção de organização social estará mais perto de vigorar.