Enviada em: 23/07/2018

Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma sociedade democrática possuem a mesma importância, além dos mesmos direitos e deveres. No entanto, em sociedades que têm como destaque a desigualdade entre as classes, é preciso recorrer a mecanismos como políticas afirmativas, geridas pelo Estado e munidas de princípios que visam a melhor integração e, consequentemente, equiparação de seus cidadãos. Todavia, infelizmente, parte da população considera, sobretudo, o viés imutável da lei –que garante igualdade a todos- questionando, por exemplo, a existência de mecanismos como as cotas públicas.    De acordo princípios aristotélicos, na democracia, deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Ou seja, para estabelecer uma equidade social, deve-se levar em conta que alguns indivíduos precisam de mais apoio em relação a outros. Nesse sentido, o governo brasileiro tem feito jus às palavras do filósofo, no que tange ao acesso as universidades, pois por meio da criação de cotas, muitos cidadãos, antes marginalizados, puderam almejar a conquista de vagas em cursos de nível superior. Entre eles, encontram-se, principalmente, estudantes negros e de baixa renda, fato este que é constatado pelo IBGE, já que houve uma duplicação no número desses estudantes, após a inserção das cotas. Ademais, o sistema permitiu que os jovens “beneficiados” pudessem ter um melhor desempenho na escola e uma maior integração no meio social.      Em segunda análise, averígua-se um certo descontentamento e indignação surgindo, principalmente, daqueles que possuem mais condições e facilidade para ingressar nas faculdades. Isso porque, muitos consideram que o sentimento de meritocracia está sendo ferido, haja vista que os não-cotistas assumem, quase sempre, uma pontuação superior e mesmo assim ficam de fora, o que prejudica, também, a qualidade da instituição que não obtêm os mais preparados. Embora aparentemente aceitáveis, estes argumentos reforçam falta de conhecimento da população sobre a verdadeira função das cotas e a sua necessidade no país.   Dessa forma, urge que o Estado, na figura do Ministério da Educação, promova uma elucidação social, por meio das mídias sociais, a respeito da importância e da necessidade das cotas públicas enquanto medidas emergenciais para garantir uma maior equidade. Além disso, as escolas devem contar com profissionais capazes de informar aos alunos tudo sobre o sistema de cotas, com fito de que cada estudante já tenha consciência da modalidade com a qual vai concorrer e respeite essa decisão por justa causa. É imperativo, ainda, que a utopia de uma educação de qualidade, no Brasil, transforme-se em realidade, por meio de investimentos na base, de modo que as cotas não mais sejam utilizadas.