Enviada em: 31/10/2018

"A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável". A assertiva do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau demonstra com exatidão os reflexos advindos da crise migratória no século XXI, que podem ser exemplificados nos atos xenofóbicos e na negligência governamental no que tange à inserção dos imigrantes no corpo social. Assim, corroboram o olhar brasileiro para o estrangeiro e, tendo em vista que este primeiro é revestido por hostilidade e intolerância, demandam a tomada de medidas para sua resolução.   É incontrovertível que os imigrantes são alvos constantes de violência. Esta, por sua vez, decorre da concepção errônea de grande parte dos brasileiros no tocante a povos estrangeiros, abrindo margem à reprodução de discursos xenofóbicos; desconsidera-se, dessa forma, toda a história dessa nação e faz-se generalizações que nada dizem respeito à realidade. Ainda, os estrangeiros encontram diversos empecilhos quando chegam ao Brasil, sendo um deles o não entendimento da legislação brasileira: destarte, não só têm dificuldades em seu emprego que, em alguns casos, requer compreensão constitucional, como também não são cientes de todos os seus direitos, tendo seu pleno exercício da cidadania coibido.   Consonante a tais fatores, a ausência da difusão de conhecimentos acerca de outras culturas nas escolas permite a perpetuação de comentários hostis e agressões, como sofrido por Mohamed Ali, um refugiado sírio ameaçado durante seu expediente. Ademais, o Governo Federal não conta com nenhum programa de auxílio aos estrangeiros que buscam moradia em território brasileiro e, desse modo, perpetua uma situação a qual tem a responsabilidade de combater, visando tornar o processo migratório o mais acolhedor possível.   Mediante o supracitado, e considerando a afirmação da autora Helen Keller de que "o resultado mais sublime da educação é a tolerância", o Ministério da Educação deve inserir conhecimentos da cultura de outros países sul-americanos e árabes na grade curricular das escolas, visto que são os que mais solicitam moradia no Brasil, a fim de que os estudantes aprendam mais sobre sua história e, à vista disso, parem de compactuar com a xenofobia. Ademais, cabe ao Poder Público a criação de programas que visem a inserção dos imigrantes e facilitem seu entendimento da Constituição, por meio do desenvolvimento de uma ouvidoria virtual que realize um acompanhamento mensal da situação do indivíduo, objetificando auxiliá-lo em meio a quaisquer infortúnios. Dessa maneira, o Brasil deixará de enfrentar uma crise migratória e, por fim, provar-se-á que a citação de Rousseau não é aplicável de modo absoluto à realidade brasileira.