Enviada em: 22/04/2018

A guerra ao tráfico deflagrada no Rio de Janeiro no final de 2017 serviu para que as autoridades brasileiras percebessem a real dimensão do problema causado pelo tráfico de drogas e armas no Brasil. A questão vai muito além das favelas cariocas, do estado do Rio de Janeiro, e até mesmo do território brasileiro. As drogas e armas comercializadas nos morros são produzidas na Colômbia, Bolívia, Peru e Paraguai e entram em grandes quantidades em território nacional. Tais eventos acontecem devido a precária fiscalização nas fronteiras e também da insuficiência de homens e equipamentos tecnológicos para impedir a entrada clandestina de drogas e produtos ilegais.   Bandidos erguendo fuzis são uma imagem banal do cotidiano das grandes cidades brasileiras e o que se vê em termos de capacidade bélica nas mãos de criminosos, só se equipara a cenários de guerra. A facilidade no acesso a armamento e munição coloca o Brasil entre as nações com maior índice de mortalidade por armas de fogo do mundo: são 30 mortes a cada 100 mil habitantes. Isso é resultado do ausente controle de imigração e fiscalização aduaneira, que permitem a passagem de veículos para o Brasil, sendo possível cruzar a fronteira levando qualquer tipo de produto do país vizinho, sem nenhum impedimento. Pessoas cruzam de um país a outro o tempo todo, sem precisarem apresentar passaporte ou carteira de identidade, e a fragilidade é tanta, que muitos cidadãos afirmam não saber quais são os limites de um país para o outro.    Além disso, muitos criminosos tentam contrabandear drogas e produtos através de rios, portos, matas fechadas e outras rotas clandestinas. O Brasil, por sua vez, não consegue exercer um efetivo controle territorial, uma vez que não possui uma vigilância suficiente em seus mais de 17 mil quilômetros de fronteira seca, possuindo apenas um oficial para cada quilometro, sendo praticamente impossível de erradicar o contrabando e por consequência trazendo cada vez mais drogas e violência para as grandes cidades do Brasil.   Portanto, no que tange ao tráfico internacional, ações diplomáticas coordenadas entre o Governo Brasileiro e seus países vizinhos devem ser intensificadas e fortalecidas, a fim de que a organização do contrabando seja desestruturada, adicionando medidas mais eficazes de fiscalizações nas fronteiras para reduzir a entrada de substâncias ilegais. Além disso, o Estado precisa investir novamente no Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), para que o mesmo possa direcionar as verbas para tecnologia, inteligência policial, radares terrestres, embarcações fluviais e, principalmente, mais pessoas qualificadas para trabalhar nas fronteiras e impedir o transporte de produtos ilegais, tendo como resultado, redução de drogas e armas dentro do Brasil.