Enviada em: 23/10/2018

Através do seu eu lírico, Drummond diz em um dos seus poemas mais famosos que ''No meio do caminho tinha uma pedra [...]''. Parafraseando-o no contexto atual, existem ''pedras'', ou seja, obstáculos que impedem uma parcela da população de ter uma moradia. Nessa perspectiva, não só há falhas do poder público as quais merecem ser reparadas, mas também questões socioeconômicas são a causa direta desse problema. Logo, é imperativo analisar os motivos a fim de intervir nessa questão.    Não se pode negar que o programa do governo federal ''Minha casa, minha vida'' amparou muitas famílias sem moradia nos últimos anos. Tal iniciativa, entretanto, foi incapaz de atender toda essa demanda social na medida em que o déficit habitacional ainda persiste, especialmente em regiões mais populosas como é  caso do sudeste. Neste, a situação é mais crítica por conta do intenso processo de favelização, o qual força a população pobre a se alojar em morros -  que geralmente são locais sujeitos a deslizamentos de terra - tornando-a vulnerável à morte. Dessa forma, o Estado está deixando de cumprir a sua principal função, que segundo o filósofo inglês, Thomas Hobbes, é a de garantir segurança ao povo, no que tange a um lar estável e digno.    Outrossim, os problemas socioeconômicos dos brasileiros também são empecilhos para a promoção do direito á moradia. A história pode comprovar isso com a destruição dos ''cortiços'' que acontecem desde a urbanização do Rio de Janeiro até hoje nas demais cidades, onde ocorrem, não raramente, o processo de favelização dos lares da população marginalizada pela sociedade capitalista. Além disso, tal procedimento deu-se simultaneamente ao avanço da tecnologia, que trouxe desemprego estrutural para o país, pois a modernização substituiu a mão de obra do trabalhador pela máquina, assim como é flagrado no agronegócio. Nesse sentido, sem condições de trabalhar para ter ou manter um imóvel, fica difícil dar direito à moradia adequada à população que é, sem dúvidas, vítima de um sistema fortemente excludente.    Destarte, para superar o déficit habitacional no Brasil, cabe à sociedade civil organizada cobrar do Estado o direito à moradia digna, por meio de manifestações em praças públicas e nas redes sociais, que protestem o apoio financeiro do governo na construção de unidades habitacionais sob a supervisão de arquitetos comunitários, a fim de exigir o cumprimento ao compromisso com os Direitos Humanos. Ademais, o Ministério da Educação deve ampliar seus cursos profissionalizantes como os do SEBRAE, por meio de um acordo com as prefeituras, aumentar a mão de obra qualificada nas comunidades e conseguir gerar renda, refletindo em melhores condições financeiras para as famílias manterem-se em lares dignos de morar.