Enviada em: 02/04/2018

Algumas décadas atrás o Brasil era considerado um país subdesenvolvido e com altas taxas de desnutrição e subnutrição, principalmente de crianças, o que, dentre outros fatores, contribuía, proporcionalmente com as altas taxas de mortalidade infantil. Porém, investimento em políticas públicas e, em paralelo, o aumento do consumo de alimentos provenientes de redes de "fast food", o brasileiro alterou sua rotina alimentar, e, por consequência proporcionou um aumento da incidência de obesidade e doenças endócrinas associadas, como a diabetes, tanto em adultos quanto em crianças.        Atualmente, segundo a Fiocruz, cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes estão obesos. Sendo as causas: consumo exagerado de alimentos gordurosos, falta de atividade física, ansiedade, depressão, causas hormonais e fatores genéticos. Ademais, especialistas da Psicologia, vem recentemente associando a obesidade, direta ou indiretamente, a ansiedade, depressão, autoestima baixa e problemas comportamentais. Ou seja, a obesidade infantil é mais do que um problema infantil de saúde, é um problema de saúde pública.       Em um estudo sobre auto-imagem de crianças obesas e não obesas é perceptível o quanto o quadro contribui para uma deterioração crônica e generalizada de uma criança que mal consegue interagir com as outras ou por preconceito (gordofobia), limitações óbvias de agilidade, pressão social, constituindo um ciclo vicioso de exclusão e redução drástica da qualidade de vida, que vai muito além ao corpo biológico. Como as crianças ainda estão em processo de constituição, tanto biológica quanto emocional, o peso da obesidade em si e os estereótipos que ela carrega, mais as limitações físicas desencadeiam uma série de consequências negativas, como a insociabilidade.       Eis o desafio maior: lidar com o papel da obesidade no imaginário social. Isso porque vai além da criança obesa, que é somente um reflexo do que a sociedade considera como importante. E atualmente o importante é viver “vidas perfeitas” nas redes sociais, ter o maior número de “amigos” virtuais, comer aquele lanche suculento que já vem pronto, usar o tênis da marca x e ter o corpo “fitness”, em forma.        O que se deve fazer em meio a este contexto? Reverter a concepção de que as redes de "fast food" são locais diários para a família alimentar-se. Concretamente banir a ligação entre brinquedos e essas redes, pois associam, indiretamente, as comidas gordurosas e não saudáveis ao brincar, algo que é intrínseco as crianças. Paralelamente, buscar uma conscientização maior aos pais da importância da alimentação caseira para a família, principalmente para as crianças, que se espelham nos comportamentos deles, o que inclui a alimentação. Não adianta os pais comerem sanduíches todos os dias e “obrigarem” os filhos consumirem vegetais.