Enviada em: 28/03/2018

Aristóteles, filósofo grego, afirmava que o segredo da felicidade era a prática das virtudes, dentre elas, a temperança. Esta, em escassez aqui no ocidente, cuja filosofia consumista prega, exatamente, o oposto. Quando se trata de nutrição, portanto, nota-se que essa falta de equilíbrio na alimentação, fomentada pela indústria alimentícia, e associada a práticas sedentárias, vem causando o aumento no número de crianças e adolescentes com sobrepeso no Brasil – quase 9%. O que é prejudicial, visto que a obesidade proporciona o surgimento de diversas doenças, bem como a diminuição na qualidade de vida.        Nesse contexto, é possível afirmar que o neoliberalismo foi responsável pela criação da economia consumista nos Estados Unido – o “American way of life”, a qual está presente, hodiernamente, no Brasil. Na esfera nutricional, nesse prisma, nota-se o peso da indústria alimentícia nos desafios ao combate à obesidade. Isto é, em uma cultura a qual valoriza o prazer (conforme pregava Epícuro), é mais lucrativa a venda de alimentos apetitosos ao paladar – os quais, geralmente, não nutrem o que leva a uma maior necessidade de consumo, consequentemente, ao sobrepeso – do que o comércio de alimentos naturais.        Além disso, após o grande êxodo rural, da década de 70 e 80, o número de filhos diminuiu no país, pois a motivação de querê-los também mudou: os filhos não mais trabalham no campo, agora eles ficam em casa. Eis, assim, um problema: a vida dos jovens tende a ser mais sedentária na década presente. Nessa ótica, observa-se também que, infelizmente, muitos jovens trocaram os esportes pelo video-game. Isso também contribuiu para a obesidade deles, visto que a atividade física é a grande aliada na manutenção de peso – e da saúde, pois o sobrepeso propicia o surgimento da diabetes, do colesterol, de problemas cardíacos e da coluna.        Para combater a obesidade infantil e juvenil, com maior eficiência, portanto, é imprescindível a atuação da sociedade e do governo. Sendo assim, embora Aristóteles pregasse o equilibro, Kant afirmava que as virtudes só seriam desenvolvidas no cidadão que atingisse a maioridade, por meio da razão. Isto é, as crianças não têm maturidade para decidir o que é o melhor, e por isso é preciso que os pais as eduquem de modo a não satisfazer todas as vontades delas. Para isso, é fundamental a intervenção do Estado na criação de propagandas de televisão que visem orientar os tutores sobre os riscos da obesidade infantil, bem como, a implantação, nos postos de saúde, de cartilhas educativas. Além disso, é preciso que o conselho de medicina se una nessa causa e promova a educação médica direcionada na prevenção desse problema.