Enviada em: 29/05/2018

Que tiro foi esse?       Os alarmantes casos que denunciam a crise da segurança pública no Brasil, revelam que o país ainda não superou um problema histórico, que tem a ver com seu processo de formação social. A literatura histórica que trata sobre o Brasil Imperial, nos revela sobre o perigo de, sobretudo as mulheres, andarem desacompanhadas à noite nas ruas fluminenses, pelo eminente risco de serem apedrejadas ou salteadas. Mais tarde, no início do século XX, o processo de reurbanização carioca, que trazia o alargamento das ruas, reformas portuárias e controle sanitário, foi igualmente responsável por expulsar a população negra ex-cativa do centro urbano, desprovida de todo e qualquer amparo social pós-alforria, para áreas que hoje concentram altos índices de criminalidade e onde a as forças de segurança pública não têm controle.       Em tal configuração social, a cidade do Rio de Janeiro reflete um fenômeno que se estendeu por todo o Brasil: o problema na segurança pública. Ultimamente a imprensa tem sido frequentemente tomada por notícias que retratam a crise neste sistema. O noticiário é repleto de casos de assaltos, latrocínios e homicídios, inclusive de policiais, classe que tem sido perseguida e com números de mortandade crescente.        No início de 2017, o país foi marcado por rebeliões nos presídios, com destaque para o massacre de Manaus, situação não tão diferente do massacre do Carandiru em 1992, mostrando que mais duas décadas depois, e após uma terrível experiência, o Brasil ainda tinha um sistema carcerário deficiente. Ainda em 2017, o Espírito Santo sofreu as consequências da crise no sistema de segurança pública e em 2018 o Rio de Janeiro foi submetido a intervenção militar. A crise no sistema carcerário, pela superlotação dos presídios, a política de drogas adotada pelo Estado, as péssimas condições de trabalho oferecidas às forças policiais e a ligação destes com as milícias, são elementos que explicam e refletem o porquê da segurança pública no Brasil está em colapso.        Para tanto, o Brasil precisa abortar medidas paliativas como única forma de resolução e ter a educação, a cultura e a infraestrutura como pilares para superar este problema. É necessário também que o Governo Federal, através do recém-criado Ministério da Segurança Pública e do Ministério da Justiça, ofereçam suporte estrutural às forças policiais, dando condições dignas de trabalho, conforto e salários justos, evitando greves e viabilizando a efetividade do trabalho. É preciso o empenho das Casas Legislativas, em formular leis e alterar a política de drogas, afim de diminuir o encarceramento por este motivo e superar os desafios do sistema de segurança pública no Brasil.