Enviada em: 01/04/2018

A segurança é um dos principais desafios da gestão pública no Brasil. Tomada pela corrupção e fundamentada na violência e discriminação, ela perde o sentido em si mesma. Apesar dos recorrentes clamores de parcelas da sociedade por militarização e endurecimento de suas ações, a segurança pública deve ter como missão trazer um futuro em que seja uma estrutura desnecessária.       Embora o Rio de Janeiro seja noticiado diariamente pelos jornais como a vitrine da violência urbana brasileira, os problemas de segurança pública são um mal de todo o país. A corrupção em todas as instâncias do Estado, o tráfico de drogas, o contrabando de armas e todo tipo de crimes secundários contribuem para o sentimento de insegurança. A ineficiência das autoridades na investigação e na punibilidade geram uma má percepção social a respeito do papel da polícia de do judiciário.       Em razão disso, é crescente o número de indivíduos que acreditam que a militarização da sociedade - por meio da inserção das forças armadas no sistema de segurança pública e da liberação da posse de armas de fogo pela população civil - é a solução do problema. Muitos ignoram o fato de que a falta de infraestrutura, saúde e educação promove uma sociedade desigual e mais tendente à violência natural do enfoque às diferenças.       Assim, percebe-se que a pobreza é um dos grandes gatilhos para a violência. Sem acesso a uma estrutura capaz de proteger segmentos frágeis da sociedade, muitas regiões do Brasil estão entregues aos criminosos, que frequentemente mantêm verdadeiros Estados paralelos, como é o caso das favelas, eufemisticamente tratadas por "comunidades".       Ainda que ações militares, como recentemente no Rio de Janeiro, possam causar uma breve sensação de confiança, o único caminho para promover efetivamente a segurança pública é pela educação. O Ministério da Educação e o Ministério da Justiça devem integrar esforços para um plano de longo prazo, visando garantir a ordem local no curto prazo e elevar o alcance e os rendimentos das crianças sujeitas à vulnerabilidade.