Enviada em: 02/10/2018

Durante o período da colonização brasileira, doenças oriundas da Europa foram responsáveis pela geração de epidemias entre as tribos de nativos do litoral do país devido à transmissão efetuada pelos lusitanos. Hodiernamente, surtos de afecções são comuns no território brasileiro, contudo, diferentemente do período colonial, as causas que corroboram esse cenário são outras. Nesse viés, destaca-se que a ineficiência governamental no que concerne à implementação de políticas para a prevenção dessas patologias e as ações populacionais restritas aos períodos de epidemias configuram um impasse para a erradicação de doenças.       A princípio, ressalta-se que a deficiente estrutura do setor de saúde pública é um dos principais fatores que justificam a persistência de afecções esporádicas no Brasil. Esse aspecto, acentuado pela aprovação do Projeto de Emenda Constitucional 241 — que estabelece o congelamento de investimentos públicos em diversos setores de base —, pode ser comprovado por meio da permanência de doenças ocasionadas pela falta de saneamento básico, como a cisticercose e a dengue. Analogamente, a subutilização de ações para a vacinação da população também constitui um obstáculo para o extermínio de patologias, uma vez que o aumento da taxa de imunizados gera, como consequência, a redução da disseminação de agentes infecciosos.       Paralelamente, destaca-se que as ações populacionais no combate à epidemias no Brasil se restringem aos cenários de surtos de afecções, períodos nos quais se acentua o noticiamento de campanhas de erradicação nos meios de comunicação. Todavia, esse caráter de isolamento das políticas sociais no que tange ao combate de patógenos corrobora a criação de um ciclo de medidas ineficazes para a superação da problemática, visto que a manutenção de baixos índices de acometidos por agentes infecciosos requer atitudes constantes de controle dos focos de transmissão. Nesse viés, consoante ao princípio da ação comunicativa do sociólogo Jurgen Habermas, depreende-se que, conforme for ampliado o debate acerca da necessidade de estabelecer medidas permanentes de prevenção a quadros epidêmicos, mais facilmente esse objetivo será concretizado.       Urge, portanto, que o Ministério da Saúde, munido de recursos federais, institua, por meio de uma lei, um programa de ampliação de saneamento básico no país e, paralelamente, direcione subsídios para a distribuição efetiva de vacinas no território nacional, com o fito de evitar o surto de doenças. Ademais, cabe ao quarto poder, composto pelas mídias, vincular campanhas de prevenção a epidemias durante todo o ano, com o fito de assegurar a mobilização populacional constante acerca do combate aos patógenos. Desse modo, talvez seja possível solver o impasse de epidemias no Brasil.