Enviada em: 22/10/2018

Em meados do século XX, o austríaco Stefan Zweig escreveu o livro “Brasil, país do futuro” descrevendo o potencial de desenvolvimento do Brasil. No entanto, quando se observa o atual enfrentamento à epidemias no país, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse panorama, dois fatores fazem-se relevantes: a ausência do Estado em prover medidas de saneamento e a carente atenção primária à saúde oferecida pelo SUS.  É importante pontuar, de início, que a intervenção estatal é fundamental para a proteção dos cidadãos de maneira eficaz, como afirmou o filósofo moderno Thomas Hobbes. Contudo, no Brasil, medidas de redução do Estado de Bem-Estar Social, promovem parcos investimentos em saneamento básico. Com isso, o esgotamento sanitário e o manejo de resíduos sólidos não são ofertados de forma plena, o que favorece o aumento de criadouros de vetores de doenças como a Dengue, Zika, Chikungunha e a Febre Amarela.   Somado a isso, o Sistema Único de Saúde falha em não realizar ações de atenção primária à saúde. Nesse contexto, a ausência de abordagens que diagnosticam com rapidez uma doença e a mediquem facilita sua proliferação, como é o caso da Sífilis, que poderia ser combatida com a prescrição da Penicilina evitando o atual surto da doença.   Diante disso, infere-se que para lidar com as epidemias no Brasil são imprescindíveis a adoção de medidas que invertam esse panorama. Portanto, concerne ao poder legislativo federal a promoção de leis que destinem repasses fixos de verbas para o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, a fim de que este possa assegurar saneamento básico nas áreas mais insalubres do país de modo que criadouros de vetores de doenças não se formem. Também é exeqüível que as Secretarias Municipais de Saúde otimizem o acesso à exames por meio de campanhas que ampliem o horário diário de clínicas do SUS, para estabelecer de forma rápida o diagnostico de possíveis doenças e sua profilaxia. Assim, talvez a profecia de Zweig torne-se realidade.