Enviada em: 03/06/2019

Durante o governo de Artur Bernardes, a Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, foi um movimento popular contra as medidas autoritárias do governo que obrigava a população a ser vacinada visando a contenção da varíola. Hoje, mais de 100 anos depois do fato, o Brasil ainda enfrenta problemas em lidar com outras epidemias de forma efetiva, tal como pode ser visto nos recentes casos de zika vírus e de febre amarela. Dessa forma, observa-se que a carência de ações incisivas dá-se, principalmente, devido à crescente desconfiança das pessoas em relação as instituições tradicionais e ao pouco uso de tecnologias que viabilizem um combate amplo às doenças.          Em primeiro plano, é relevante abordar que a primeira falha na tentativa de lidar com epidemias não se encontra inserida na falha da saúde pública, mas sim na esfera comunicativa. Observa-se que com o advento das redes sociais e a consolidação da pós-verdade, o governo brasileiro tem adquirido cada vez menos relevância como formador de opinião e as mídias tradicionais tornam-se cada vez menos influentes. Com isso, a difusão de informações infundadas e alarmantes acerca da ação governamental de combate a surtos de doenças adquire caráter preocupante, visto que movimentos como o anti-vacina configura-se como ameaça à construção de um Estado de bem-estar social.             Ademais, assim como em outros setores, ações na esfera da saúde pública no Brasil possuem baixo nível de informatização e, portanto, tornam-se obsoletas e encontram dificuldades para encontrar a escalabilidade necessária para atingir a população de forma rápida e efetiva. A evidenciação do panorama supracitado dar-se na tardia chamada pública para informatização das Unidades Básicas de Saúde, ocorrida apenas em 2017. Por conseguinte, apesar de termos, constantemente, nas universidades públicas a busca e o desenvolvimento de novas soluções que utilizam de novas tecnologias e técnicas para o combate a doenças, a burocracia governamental e a falta de medidas que busquem facilitar o processo impedem que o projeto seja posto em prática em tempo hábil.         Destarte, o Ministério da Saúde, juntamente ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), deve elaborar um projeto de educação e transformação tecnológica tendo com perspectiva combater a difusão de ideias errôneas acerca da saúde pública. Essa ação pode ser constituída por frequentes debates incluindo problematizações e a criação de reformulações conscientes relacionadas aos perigos delimitados pela falta de combate a epidemias e através da proposição de um Medida Provisória que facilite a aplicação rápida de novas técnicas no âmbito prático. Assim, será possível, através da visualização dos resultados, mudar a consciência coletiva individual e criar uma sociedade engajada e ativa no combate a doença com altas taxas de proliferação.