Enviada em: 22/08/2019

"Amor à sabedoria". Essa era a definição da filosofia para os gregos na Antiguidade. Nesse sentido, apreende-se que, para os primeiros pensadores, o exercício do saber tinha valor no conhecimento em si, nada além disso. Por outro lado, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com o advento da bomba atômica, a discussão sobre os resultados das descobertas e processos científicos ganharam maiores reflexões da sociedade. Hoje, uma das grandes questões é a necessidade de estabelecer limites éticos na Biotecnologia, de modo a garantir desenvolvimento e respeito aos valores morais.       A Biotecnologia, como o próprio nome sugere, é a ciência aplicada à modificação biológica de seres vivos. Dessa maneira, o desenvolvimento dessa área do saber permitiu o surgimento de um conjunto de conhecimentos como clonagens, trabalho com células-tronco e transgênicos. Tais técnicas, ao mesmo tempo que abrem possibilidades para melhorar a qualidade de vida das pessoas e fomentar o desenvolvimento econômico, podem também resultar em aplicações no mínimo questionáveis do ponto de vista ético.       Como exemplo disso, o debate em torno dos transgênicos parece longe de um fim. Atualmente, a principal aplicação dessa técnica está relacionada a agricultura, com a justificativa de redução de custos e aumento da produtividade, o que, em tese, aumentaria a oferta dos produtos alimentícios e causariam a redução do seu preço, de modo a contribuir para o combate à fome no mundo. Contudo, o que se observa é que, apesar da larga utilização dessa engenharia genética pelo menos há duas décadas, não se produziu os efeitos coletivos desejáveis, mas apenas o aumento dos lucros daqueles que estão ligados a essa cadeia produtiva. Ademais, a falta de estudos conclusivos sobre os efeitos da introdução de organismos geneticamente modificados no ambiente e na alimentação humana, coloca em cheque a segurança de todo o planeta.       Diante disso, percebe-se a urgência na busca por uma conciliação entre a Biotecnologia e uma prática científica pautada na ética. Faz-se necessário, portanto, que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicação, em parceria com instituições que fomentam a pesquisa, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, criem seminários e congressos voltados para a ampliação das discussões em torno das aplicações da Biotenologia, de modo a permitir a participação da sociedade na construção de saídas éticas, que garantam o progresso e desenvolvimento socieconômico lastreado em condutas moralmente adequadas, respeitando os seres humanos e sua moradia, o planeta Terra.