Enviada em: 22/08/2019

Na década de 1990, ''Dolly'' foi o nome dado por cientistas à primeira ovelha clonada no mundo. Tal experimento, na época, representou um marco no desenvolvimento da biotecnologia, e pavimentou o caminho para descobertas posteriores. Contudo, apesar de avanços dessa natureza, as questões éticas a respeito da engenharia biotecnológica instigam a sociedade a refletir, no Brasil, sobre os desafios na conciliação entre evolução científica e respeito ao ser humano. Assim, é lícito afirmar que é necessário impor limites à pesquisa em laboratório e desenvolver práticas humanizadas de estudo.       Em primeiro plano, evidencia-se, por parte de instituições de pesquisa, a existência de linhas de pesquisa relacionadas à seleção genética de características desejadas. Essa prática configura, acima de tudo, uma desvirtuação dos princípios que levaram o biólogo austríaco Gregor Mendel, considerado o pai da biotecnologia, a realizar experimentos sobre hereditariedade e estudo de características transmitidas. Logo, é substancial que exista em laboratórios uma consciência científica que leve os profissionais da área a colocarem fronteiras entre o aceitável e o antiético.       Outrossim, é imperativo pontuar que as Universidades, maiores centros de pesquisa biotecnológica no Brasil, não desenvolvem uma grade de estudos mais humanizada, que possa orientar e conscientizar os futuros profissionais da área. Desse modo, os cursos de graduação limitam-se a disciplinas excessivamente técnicas e, por sua vez, ignoram tópicos sobre ética e filosofia. Com isso, as Universidades tornam-se locais perpetuadores de práticas questionáveis que atentam à própria natureza humana. Nota-se, dessa forma, a necessidade de transformação da Universidade brasileira.       Infere-se, portanto, que a ética precisa ser trazida também para a biotecnologia. Posto isso, o Poder Legislativo, por meio de debate entre institutos de pesquisa, Ministério da Tecnologia e sociedade civil, deve propor lei específica para orientar pesquisas biotecnológicas no país. Esse mecanismo legal deve regular, principalmente, questões como estudos sobre detecção de características físicas e clonagem, a fim de garantir a dignidade humana. Ademais, tal Ministério deve determinar às Universidades, mediante portaria, que os cursos de ciências da natureza, como biologia, química e biotecnologia, tenham disciplinas e palestras regulares sobre ética aliada ao exercício da profissão.