Enviada em: 24/08/2019

Adotada no ano de 2018, a medida que altera o Sistema de Seleção Unificada, restringindo a escolha do vestibulando para lista de espera nas universidades públicas, pode ser entendida como um mecanismo que evita a crescente evasão universitária no Brasil. Embora tal medida seja válida, a redução desse contexto de defasagem apresenta desafios relacionados à falta de identificação dos estudantes com o curso e ao inexpressivo direcionamento profissional dos graduandos. Logo, urgem ações engajadas dos agentes adequados com o escopo de superar essa adversa conjuntura nacional.       Inicialmente, destaca-se o termo "sociedade desempenho", do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Consoante esse pensador, os indivíduos modernos preocupam-se mais com exímios resultados do que com a realização pessoal. Nesse sentido, observa-se que muitos jovens ingressam em cursos que não se identificam visando apenas prestígio social, a exemplo de parcela dos acadêmicos de Medicina. Isso é potencializado, sobretudo, pela ineficiência das escolas, uma vez que não incentivam e não oferecem meios para que os alunos encontrem uma vocação. Com isso, além da notória evasão universitária, percebe-se a falta de autoafirmação e de autoconhecimento dos jovens na escolha das profissões.       Outrossim, ressalta-se que o inexpressivo direcionamento profissional dos acadêmicos intensifica a defasagem universitária, na medida em que os indivíduos não são motivados para o engajamento efetivo no curso. A exemplo disso, verifica-se a escassa existência, ampliação ou divulgação de bolsas de pesquisa e de projetos sociais acadêmicos que possibilitem experiências significativas do graduando na sua área de estudo. Em face disso, pessoas que já enfrentam dificuldades em se manter no ensino superior, como aquelas que conciliam trabalho e estudo, são atingidas por essa realidade frequentemente, o que reforça a possibilidade de abandono das faculdades.       Destarte, é essencial superar essa situação de evasão universitária no país. Para tanto, é impreterível que as escolas, por meio de parcerias com profissionais das diversas áreas do mercado, ofereçam palestras e oficinas, as quais sejam direcionadas aos alunos do ensino médio e elucidem dúvidas sobre as profissões, a fim de que o jovem encontre sua vocação e valorize a realização pessoal, atenuando, assim, a defasagem no ensino superior. Ademais, é imprescindível que os departamentos de cada curso nas faculdades planejem e ofereçam aos alunos mais possibilidades de aplicações práticas das teorias cotidianas, com o fito de motivar os estudantes na continuação do curso.