Enviada em: 19/08/2019

A Constituição Brasileira de 1988, conhecida como constituição cidadã, estabeleceu diversos direitos sociais à população, dentre eles o direito à educação superior. No entanto, tal concessão tem sido ameaçada pelos altos índices de evasão universitárias observados no país. Sobre esse aspecto, os números decorrem de desafios como a falta de recursos e a falta de preparo dos estudantes, problemas que refletem a inaptidão do Estado em políticas de assistência estudantil e o déficit do ensino regular no país.       A princípio, é preciso ressaltar que muitos alunos desistem da faculdade por condições financeiras. Nesse sentido, principalmente os estudantes que se mudam de cidade para estudar têm de arcar com muitas contas. Consequentemente, diante de tantos gastos e sem a oferta de uma assistência estudantil que auxilie, a única opção é trabalhar, o que, em muitos casos, diminui o rendimento escolar e leva à desistência do curso. Nesse contexto, o sociólogo Émile Durkheim definiu a sociedade como um corpo biológico que só funciona plenamente quando todas as partes têm seus direitos assegurados. Dessa forma, a sociedade estaria em desequilíbrio, pois a educação superior é um desses direitos.       Somado a isso, outro fator que dificulta a diminuição da evasão universitária é a falta de preparo cognitivo dos estudantes. A respeito disso, inclui-se o analfabetismo funcional, caracterizado pela capacidade de ler textos, mas incapacidade de interpretá-los. Sob essa ótica, os alunos já saem da escola com problemas de aprendizado e quando chegam no ensino superior enfrentam muita dificuldade. Por conseguinte, é comum a desistência por se acharem incapazes, entretanto, o problema não é individual, mas reflete o déficit existente no ensino regular. Dentro desse espectro, o filósofo John Locke apontou que todos nascem como uma tábula rasa e capazes de desempenhar qualquer função, desde que guiados por uma boa educação. Logo, é necessário um programa educacional que desenvolva os jovens para que cheguem preparados na universidade e consigam levar o curso adiante.       Fica claro, portanto, que existem obstáculos que impedem a diminuição da evasão universitária. Para superá-los, o Ministério da Educação deve buscar aumento de repasses para a assistência estudantil, por meio de ofício encaminhado à Secretaria da Fazenda contendo dados de desistência e histórias de alunos com dificuldade financeira, a fim de que mais estudantes sejam contemplados com bolsas. Ademais, o mesmo ministério deve reformular o currículo escolar, mediante inclusão de mais aulas de português e de métodos lúdicos que estimulem a interpretação textual como dinâmicas de grupo e teatros, rumo ao preparo cognitivo que permita boa trajetória universitária. Assim, as chances de conclusão do curso aumentarão e o direito previsto na constituição permanecerá resguardado.