Enviada em: 04/04/2019

Durante a primeira fase do romantismo no Brasil, também conhecida como indianista, no século XIX, o índio foi retratado como herói nacional na literatura. Entretanto, esse espaço literário conquistado não foi suficiente para alterar a forma de tratamento dos indígenas contemporâneos, tendo em vista os constantes desafios desses em receber uma educação de qualidade sem os impeditivos de uma estrutura escolar precária e de uma ineficiente educação resiliente ao seu contexto cultural.       Em uma primeira análise, é lícito ressaltar a desestruturação dos espaços escolares indígenas como contribuinte para um contexto inerte na assistência desses. Em consonância com a filósofa Hannah Arendt, os direitos humanos pressupõem uma concepção de homem abstrato que termina, na prática, excluindo muitos grupos minoritários. Diante desse raciocínio, a constante realidade dos espaços educacionais indígenas, com estruturas físicas precárias, bem como falta de material didático específico, por exemplo, repercute na restrição do acesso a uma educação plena necessária para seu desenvolvimento. Assim, é contraditório que, em um país desenvolvido socialmente ainda haja o ferimento de um direito previsto constitucionalmente: a educação.        Outrossim, é valido ressaltar a falta de uma educação flexível no atendimento às peculiaridades dos autóctones. Nesse âmbito, de acordo com o educador Lev Vygotsky, o ensino educacional não deve se distanciar dos aspectos sociais da vida de seus participantes. Partindo desse pressuposto, a falta de especificidade nas escolas indígenas, como o uso da língua materna, sistematização de professores índios, bem como adoção de um calendário adaptado aos contextos desses povos, reflete no desequilíbrio de uma educação intercultural, que reafirme a identidade desses e flexibilize o conhecimento da sociedade nacional. Dessa maneira, torna-se primordial ações mais sólidas na consolidação de um atendimento escolar mais resiliente às necessidades dessa etnia.        É imperioso, portanto, medidas sinérgicas no embate a essa problemática. Primeiramente, cabe as Secretarias Municipais de cada região onde residem comunidades indígenas proporcionar a efetivação de estruturas escolares que estejam em equilíbrio com uma educação sólida. Isso pode ser efetivado, por intermédio, por exemplo, de iniciativas sociais de empresas educacionais privadas que desejam diminuir seus impostos, a fim de que as tribos remanescentes possam usufruir de um cenário apto a receber conhecimento. Posto isso, cabe ao Ministério da Educação, em paralelo com universidades das áreas pedagógicas, a formulação de oficinas que capacitam efetivamente educadores, professores e índios, que atuarão nas escolas, através de diretrizes curriculares que integrem educação oficial e tradição, com o intuito de concretizar uma educação mais holística ao reais colonizadores do Brasil.