Enviada em: 12/08/2018

Consoante a teoria aristotélica, o homem é, por natureza, um animal político e, por isso, vive em sociedade. Hodiernamente, entretanto, nota-se um empasse em atingir o pleno convívio social em razão dos desafios em incluir a terceira idade brasileira no mesmo patamar de acesso ao mundo digital. Observa-se, diante disso, a falta de estimulo ao uso das tecnologias e a dificuldade de ensino e de aprendizado dos idosos, como fator primordial para fixar o atual cenário de exclusão.      A priori, convém ressaltar que, em um país em que, de acordo com as previsões do IBGE, nas próximas décadas, terá mais idosos do que nascentes, a falta de estímulo à inclusão na era digital é uma problemática de ordem preocupante. Nesse viés, percebe-se um descuido por parte, tanto da sociedade, quanto dos governos, em relação aos idosos, isto é, em comparação as diversas sociedades antigas que preconizavam a população idosa – a exemplo da civilização helenística -, hoje, nota-se um certo desdém com essa população no Brasil. Com isso, revela-se que a falta de estrutura de incentivo ao uso das tecnologias ratifica o descaso com que a terceira idade brasileira é tratada.        Em um olhar mais amplo, infere-se o indubitável despreparo da sociedade em saber trabalhar o uso do mundo digital com a população acima de 60 anos. Nesse contexto, com os avanços tecnológicos e informacionais da sociedade, criou-se um abismo entre a terceira idade e esse avanço devido ao despreparo da população capacitada de usar esses meios em tutelar e auxiliar de forma efetiva os idosos que, em muitos casos, estão com as capacidades mentais debilitadas. Essa realidade, dessa forma, autentica de forma clara o pressuposto de uma sociedade ausente nas iniciativas coletivas do sociólogo Émile Durkheim, portanto, evidenciando a importância do Estado em intervir, por meio de políticas públicas, nesse imbróglio.       Compreende-se, pois, a necessidade de enfrentar os impedimentos do convívio social isonômico e coeso na sociedade brasileira. Dessarte, urge que o Ministério da Saúde, com auxílio do Ministério da Educação(MEC) e do Ministério do Planejamento, além da estruturação dos asilos públicos, elabore cartilhas informativas que auxiliem e incentivem a inserção dos idosos no uso dos celulares e “smartphones”, fazendo, para isso, o uso de imagens explicativas, as funcionalidades do aparelho, relatos de idosos e a forma de utilização, com intuito de estimular o uso. Outrossim, é fulcral que o Ministério do Desenvolvimento Social, com apoio do MEC, realize cursos gratuitos de qualificação ao ensino de idosos no uso de tecnologias, por meio de parceria com universidade privadas de ensino, de forma a atenuar o despreparo no tratamento com o idoso. Desse modo, o Brasil tornar-se-á um país longe do estado de anomia durkheimiano e próximo da teoria de natureza política de Aristóteles.