Enviada em: 02/10/2018

Na obra “Entre quatro paredes”, do filósofo Jean-Paul Sartre, o protagonista Garcin declara a sentença “o inferno são os outros”. Desse modo, afirma sua insatisfação em conviver socialmente, vista a pluralidade notória de idiossincrasias humanas - sobretudo, o individualismo. Esse sentido de inconformidade pode ser aplicável ao contexto dos desafios para a inclusão digital na terceira idade, já que um descaso dos familiares perante os idosos, pois, não possuem paciência para ensinar os mais velhos.            Dessa maneira, analisando mais profundamente o contexto brasileiro, percebe-se que dificuldade da inserção tecnológica da terceira idade, manifesta-se quase indissociável à cultura, pois, segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, as estruturas sociais são internalizadas pelos indivíduos. De maneira análoga, a sociedade individualista, não olha para idosos, esses muitas vezes são isolados, e por não nascerem no mundo da tecnologia tem mais dificuldade de se adaptar ao novo, ao contrario de uma criança que já nasce vendo seus pais teclando, e com isso, não tem medo de “mexer” até aprender.               Ademais, outro ponto relevante nessa temática é o papel da família. De acordo com o sociólogo Talcott Parsons, o qual afirma que a família é uma maquina que produz personalidades humanas. Sob essa conjuntura, podemos analisar que as raízes implantadas na sociedade, de que os anciãos não precisam aprender a usar tecnologia dificultam sua inclusão, visto que muitas famílias acham desnecessário, no entanto, a incorporação digital nessa idade pode trabalhar sua memória, além de fazer que este se sinta incorporado nessa nova geração.              Portando, medidas são necessárias para combater o impasse, faz-se necessário que primordialmente, o Ministério da Educação com a parceria dos pais, crie um programa escolar, que vise mostrar a importância de ensinar os avôs a usar um computador/celulares, o que deve acorrer mediante o fornecimento de palestras e peças teatrais. Paralelamente, ONGs devem corroborar com esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de distribuir cartilhas que informem a importância da inclusão, e o papel da família nesse processo, além de sensibilizar a pátria em prol do combate ao preconceito contra os mais velhos.