Enviada em: 18/05/2019

A filósofa e feminista Simone de Beauvoir critica, em "A Velhice" a desumanização vivida pelo indivíduo durante o envelhecimento, marcado pela exclusão, marginalização e incredulidade. A partir disso, o mundo contemporâneo cria contexto de exclusão do idoso perante às ferramentas digitais e colabora para seu processo de desumanização, criando esteriótipos maléficos quanto às suas habilidades nas redes, o quê, gera barreiras e entraves para inserir o idoso no mundo digital. Nesse sentido, torna-se vital adotar posturas que superem os desafios referentes a entrada da terceira idade nas redes, seja por impedirem coesão social, seja por promovere estigmas e preconceitos a sua figura.       No que concerne ao primeiro ponto, é válido salientar que o não domínio das técnicas virtuais é um fator segregador que dicotomiza as relações sociais e dificulta a interação construtiva entre as partes. Para elucidar essa questão, o filósofo Zigmunt Bauman defende que a aceleração das mudanças, características dos tempos modernos, expande a incompreensão mútua que existe entre os detentores das tecnologias e os não detentores. Posto isso, tal desconfiança presente entre os idosos e o todo inviabiliza atitudes de coesão social e  solidariedade, por impedir o contato entre os membros sociais e a troca benéfica das visões e experiências, acarretando efeitos desestabilizadores e fraturas sociais. Assim, a inclusão do idoso, torna-se imperativa para superar a segregação e integrar a sociedade.       Já em relação ao segundo ponto, é coerente pensar que a não inclusão da terceira idade no mundo digital é fonte de estigmas sociais e preconceitos que afetam todo o grupo. Quanto a isso, o antropólogo Erving Goffman cria o conceito de estigmas sociais como atribuição indevida a um grupo ou segmento com base em suas características particulares, tendo como objetivo inferiorizar e denegrir tal grupo. Nessa ótica, manter o idoso às margens da tecnologia é propagar a estigmatização desses, implicando na erosão dos valores que dão sentido a vida em coletividade, como a solidariedade e convívio ético e cidadão. Por outro lado, incluir a terceira idade na vivência digital é combater os esteriótipos que os rodeiam e cultivar os bons atributos que envolvem a vivência social.       A par do que foi exposto, cabe finalizar refletindo em mudanças capazes de superar os desafios que envolve a afirmação do idoso no mundo digital. A respeito disso, cabe ao Ministério da Educação desenvolver projetos de "letramento digital" exclusivos para a terceira idade, que ensinem ao idoso a fazer bom usufruto das tecnologias, respeitando o espaço do outro, prezando pela integridade e conferindo autonomia. Isso pode ser feito por práticas em laboratórios de informática, aulas com especialistas e encontros diários ou semanais. Tudo isso com o objetivo de inserir o idoso no espaço virtual e resgatá-lo da posição de vulnerabilidade no qual se encontra.