Enviada em: 16/08/2019

Na sociedade hodierna, a inserção no contexto digital pauta-se como cláusula quase indispensável para a vivência cotidiana, e engloba desde relações interpessoais a ações corporativas e de lazer. Contudo, a subutilização dos artefatos tecnológicos ainda é recorrente em meio à população idosa, contribuindo para dilatar a brecha psicossocial existente entre as gerações, criando barreiras, e aprofundar sentimentos de isolamento e de impotência em meio ao imaginário senil. Isso se deve, sobretudo, ao desmazelo familiar e governamental em acompanhar e ajustar o processo de contato da terceira idade com o mundo digital, o que exige a atuação mais encorpada desses setores.             Nessa perspectiva, de acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim, a educação seria uma socialização da jovem geração pela geração adulta. Entretanto, no que se refere à inclusão dos cidadãos mais velhos no ramo da tecnologia, o pensamento durkheimniano é invertido, posto que a malha pueril e os jovens adultos são os principais responsáveis pela educação digital dos idosos no seio familiar. Todavia, essa benéfica postura de auxiliar amigos ou parentes mais velhos a adquirir noções basilares sobre redes de computadores é negligenciada por muitas famílias. Assim, fragiliza-se a transmissão de saberes entre gerações e a salubridade psicológica de muitos sexagenários, que passam a questionar e aviltar suas capacidades em uma era regida pelo domínio do manuseio digital .       Outrossim, apesar de o Estatuto do Idoso conferir ao Poder Público o dever de oferecer cursos especiais para idosos no âmbito da computação, a fim de melhorar a integração à vida moderna, não é visto, no Brasil atual, o oferecimento e a divulgação demasiada desse direito. Assim, torna-se natural o fato de indivíduos da terceira idade não desfrutarem da praticidade e dos múltiplos benefícios oferecidos pelas novas tecnologias, que incluem desde comunicação rápida e vasto acesso à educação a pagamentos de contas e compras online. Sob esse viés, limita-se o acesso a oportunidades, visto que estas estão cada vez mais restritas aos alfabetizados digitalmente e, sobretudo, jovens.       Portanto, com o fito de consolidar a digitalização da terceira idade, é vital que o corpo social e as famílias sejam sensibilizadas, pelas escolas e universidades, acerca da importância e dos benefícios de guiar a população idosa no acesso à educação digital. Assim, devem ser criados projetos que estimulem os discentes a construir e a aprimorar o perfil informático de suas famílias, trazendo relatos da evolução do processo para ser discutido em palestras e em salas de aula. Ademais, é necessário que o Ministério da Educação e o da Cultura instituam cursos de computação para idosos em várias localidades, façam uso das grandes mídias para divulgá-los, por meio de propagandas em sites do Governo e na televisão, com o intuito de avançar na democratização dos saberes digitais no país.