Enviada em: 14/08/2018

No Rio do Janeiro do início do Século XX, tendo em vista os surtos de doenças e epidemias que caracterizavam a região, o governo, pretendendo reiterar tal realidade, investiu em campanhas de vacinação obrigatória. Todavia, tal política encontrou bastante resistência entre a população, culminando na Revolta da Vacina. Após quase um Século, o Brasil ainda encontra empecilhos a serem transpostos a fim de garantir imunidade a todos os seus cidadãos.      Do ponto de vista biológico, a imunização consiste em injetar, no organismo humano, o vírus enfraquecido com a intenção de que os linfócitos sejam estimulados a produzir anticorpos. Estes, por sua vez, irão gerar uma espécie de memória imunológica. Dessa forma, em um contato futuro com o patógeno, o sistema imunológico de um indivíduo imunizado irá combatê-lo, impedindo, antecipadamente, a manifestação da doença. Assim, através da vacinação, enfermidades fatais com alto poder de contágio e, desse modo, com alta capacidade de causar epidemias, são prevenidas. Todavia, dados do Programa Nacional de Imunização revelam que, no ano de 2016, a área de cobertura da vacinação contra a Poliomelite ficou abaixo dos 95% recomendados pela OMS. Ademais, ainda segundo esses dados, desde 2013, o alcance da imunização contra a rubéola, caxumba e varíola vem caindo ano a ano.       Entretanto, muitos problemas dificultam a resolução desse impasse. O mesmo sentimento de receio e medo que guiou a Revolta da Vacina faz-se presente, ainda hoje, na sociedade. Assim como no início do Século XX, atualmente, há um contingente de pessoas que, em virtude da falta de informação e esclarecimento, suspeitam dos benefícios da vacinação, cultivando a crença de que ela, na verdade, representa um perigo à saúde. Ademais, dados do Ministério da Saúde denotam um baixo investimento governamental nos programas de imunização, apenas 700 milhões de reais em 2010. Nessa lógica, há desabastecimento de vacinas, além de muitos municípios não contarem com recursos financeiros suficientes para imunizar a população.       Em suma, é evidente que a vacinação, como um produto da ciência, é um instrumento que visa a superação de adversidades enfrentadas pelo homem, neste caso, as doenças virais. A fim de garantir e manter a saúde da população, faz-se necessário que o Ministério da Saúde amplie os investimentos financeiros em programas de imunização, que devem abranger todo o território nacional. Ademais, visando a pôr fim aos mitos que cercam as vacinas, convém a realização de campanhas e palestras, intermediada pela mídia e a escola, nas quais se informará os benefícios de se manter a carteira de vacinação atualizada.