Enviada em: 02/09/2018

No início no século XX, a recém inaugurada república brasileira enfrentou uma rebelião inusitada: a Revolta da Vacina. Nessa ocasião, em contrapartida a um programa de vacinação obrigatória proposto pelo governo vigente, a população se rebelou por, dentre outros motivos, desconhecimento sobre o tema e boatos supersticiosos. Mais de 100 anos depois, o Brasil enfrenta, novamente, uma realidade de aversão ao sistema de vacinação, sendo, dessa forma, necessário um debate maior no que tange a conscientização, propaganda e quebra de tabus a respeito da temática.        A vacinação consiste em uma imunização ativa, ou seja, o antígeno presente na vacina - sendo esse uma partícula viral ou bacteriana não-funcional - induz os linfócitos T, presentes no tecido sanguíneo, a produzirem anticorpos para a doença em questão. Dessa forma, o organismo escontra-se mais preparado para enfrentar um possível contato real com o agente infeccioso. Tendo isso em vista, os governos do mundo todo colocaram em prática a vacinação de suas populações como forma de protegê-las e aumentar a qualidade e expectativa de vida delas. Com isso, foi possível tornar, segundo a OMS, em 1990, doenças como a poliomielite e, em 2016, o Sarampo, erradicadas no Brasil.      Entretanto, esse cenário de menor ocorrência de doenças fez com que muitos julgassem a vacinação algo desnecessário, ressurgindo, assim, os movimentos anti-vacina. Segundo o Ministério da Saúde, em 2016 apenas 84% do público alvo da vacinação contra Poliomielite foi imunizado, contra a meta de 95% estabelecida pela OMS .Em decorrência desses fatores, o cenário de doenças tem mudado, tornando doenças como o Sarampo, Poliomielite, Rubéola e Difteria - que assolaram o território brasileiro por séculos até serem erradicadas - possíveis de reaparecerem.         Portanto, é evidente a necessidade de novas medidas para resolver esse impasse. Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente é dever dos pais, do governo e da sociedade garantir a vacinação dos jovens. Dessa forma, o Ministério da Saúde, junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, deve instituir, nos meios televisivos, um programa de conscientização e divulgação do sistema de vacinações do SUS, para garantir que a população seja informada sobre os benefícios dessa ação e como proceder para adiquirir essa imunização. Somado a isso, o Ministério da Justiça, em parceria com os Concelhos Tutelares municipais, deve investigar casos em que esse direito não está sendo assegurado, garantindo assim que a população menor de idade tenha acesso ao programa de vacinações e efetuando, se necessário, processos contra aqueles que tentarem privar esse direito. Desta maneira, será possível diminuir a ocorrência de doenças infecciosas no Brasil e garantir que aquelas que já foram erradicadas assim permaneçam.