Enviada em: 01/10/2018

O poema No Meio do Caminho, escrito pelo modernista Carlos Drummond de Andrade, faz alusão, por meio do trecho "no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho", aos obstáculos existentes na vida das pessoas, os quais as impedem de alcançar o bem-estar social. No Brasil, tais empecilhos manifestam-se na forma de desafios para garantir a vacinação da população no país. Dentro desse contexto, é preciso analisar como os desvios de recursos e as ideias do senso comum influenciam essa problemática.        Observa-se, em primeira instância, que a corrupção é um dos causadores desses desafios. Isso porque recursos que seriam destinados à compra de vacinas e realização de campanhas em bairros mais pobres são, na maioria das vezes, desviados, fato responsável por impedir que essa parcela da sociedade seja imunizada. A esse respeito, nota-se que isso vai de encontro às garantias constitucionais, as quais afirmam, segundo o Artigo 196 da Magna Carta de 1988, que a saúde é direito de todos e dever do Estado promovê-la. Diante disso, o índice de pessoas imunizadas vem decaindo ao longo dos anos, como mostram pesquisas realizadas por órgãos ligados ao Ministério da Saúde. Assim, é dever do Poder Público atuar com o intuito de alterar esse cenário.       Ademais, as falsas concepções atreladas ao senso comum é, também, fator que merece destaque. Conforme August Comte, a sociedade deve ser guiada sob a perspectiva do princípio dinâmico, o qual está atrelado ao progresso. Porém, no tocante aos desafios ligados à vacinação dos brasileiros, cabe destacar que a tese defendida pelo memorável sociólogo enfrenta obstáculos para ser efetivada devido à ideia de parcela da população em acreditar que a imunização pode induzir a doenças ou causar a morte. Isso, por sua vez, é bastante preocupante, haja vista que contribui para o reaparecimento de doenças já erradicadas. Desse modo, é imprescindível mudar essa realidade por meio da desconstrução dos mitos relacionados às vacinas.        Portanto, é preciso buscar soluções para atenuar os impactos causados pelos desafios ligados à vacinação dos brasileiros. Logo, cabe à Polícia Federal, por intermédio de operações de combate à corrupção, impedir a ocorrência de desvios de verbas que seriam destinadas à compra e à realização de campanhas de imunização da sociedade, na perspectiva de possibilitar que o Estado cumpra com as determinações constitucionais. Outrossim, é dever do Ministério da Saúde realizar campanhas de conscientização, por meio do uso das mídias sociais, na perspectiva de desmistificar as crenças atreladas à vacinação, a fim de impedir o ressurgimento de enfermidades já erradicadas. Indubitavelmente, apenas dessas formas as pedras, idealizadas pelo poeta, deixarão de ser empecilho.