Enviada em: 03/10/2018

No início do século XX a população carioca realizou inúmeras manifestações que ficaram conhecidas como “A Revolta da Vacina”. Uma das pautas do movimento, além da luta por saneamento básico, era a não obrigatoriedade da vacina. Na época, pouca ou nenhuma informação sobre esse método chegava aos rincões do país, levando a uma onda de medo e revolta entre a população. Hoje, apesar da evolução da ciência e da utilização dos meios de comunicação para propagar a eficácia das vacinas, novamente sua credibilidade está em cheque. Alvo da ignorância da população, que se perde em meio a noticiais falsas, e da omissão das autoridades em questões fundamentais como saneamento básico, crianças e adultos padecem de doenças consideradas superadas.       Em meio à pesquisa de um instituto britânico, que identificou o brasileiro como o 2º povo mais ignorante diante da realidade, notícias falsas levam apenas alguns segundos para serem admitidas como verdade absoluta, e se espalharem no mundo virtual. Diante das falsas afirmações de que vacinas estariam propagando doenças ou que causam autismo, a população, por medo, abdica do direito à saúde, previsto na constituição, e torna-se responsável pelo ressurgimento e disseminação não apenas das “Fake News”, mas de doenças já erradicadas, como o sarampo.        Contribui para o quadro descrito acima, a diminuição orçamentária dos recursos destinados às campanhas de vacinação no período de 2017 para 2018, segundo levantamento do jornal O Globo. Estando desinformada, a população passa a ter a falsa sensação de segurança diante de determinadas doenças, e param de se precaver a seu respeito. Outro fator determinante que aumenta a dificuldade em torno do processo de vacinação é a falta de saneamento básico, que contribui para propagar doenças que facilmente seriam combatidas caso a população fosse devidamente assistida pelo poder público.        Diante dos problemas acima citados, cabe às autoridades cumprir a legislação que trata da propagação de notícias falsas, utilizando o marco regulatório da internet como base legal. Deve-se alertar a população para as consequências danosas desse hábito através de campanhas publicitárias, que incluam também, mensagens sobre o risco do retorno de doenças consideradas extintas, com o objetivo de imbuir a gravidade da situação à sociedade. O saneamento básico deve ser uma pauta prioritária na cobrança de nossos representantes políticos, assim como a liberação de recursos para medidas profiláticas, para que dessa forma, possamos oferecer qualidade de vida aos moradores e evitar o retorno de enfermidades. Dessa forma, poderemos ter a consciência tranquila de que protegemos o futuro da nação não apenas de doenças, mas da ignorância e do medo.