Enviada em: 23/10/2018

Os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira como querem, pois há situações anteriores que condicionam o modo como ocorre essa construção. Essa ideia, parafraseada de Karl Marx, corrobora o fato de que as ações individuais são limitadas à essência, na qual o sujeito está inserido. Ao considerar esse olhar como ponto de partida para a precariedade do saneamento básico brasileiro, é nítida a correlação da construção posterior do corpo social à persistência dessa problemática. De modo que, é pontual não só questionar a inaptidão histórica em fornecer esse serviço ao povo, mas também como o contexto pós-moderno dificulta o combate ao tema.       Em primeira observação, é importante compreender como a dificuldade posterior governamental em fornecer saneamento ao povo influencia o contexto atual. Confirma-se, assim, a percepção de Marx, na medida em que a construção histórica das esferas de poder limitam e influenciam sua atualidade. Vale ressaltar que, essa inaptidão histórica em fornecer saneamento foi, inclusive, causadora de revoltas, visto a possibilidade de surtos ocorrerem, como no caso da Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, em 1904. Vê-se, assim, a necessidade que urge das diversas esferas de poder em fornecer saneamento básico de qualidade à população brasileira.       Outro ponto relevante, nesse cenário, é como o contexto pós-moderno dificulta o combate ao tema. Nessa perspectiva, fundamenta-se a concepção de Zygmunt Bauman, pois, em sua obra "O mal-estar na pós-modernidade", o pensador advoga que o indivíduo contemporâneo age de maneira irracional por ser vitimado pela cegueira moral. Isso significa que a sociedade não alerta seus indivíduos para observarem o tema como uma problemática, na medida em que há uma espécie de conformismo instaurada no corpo social, dificultando, portanto, seu combate. Dessa maneira, somente uma reestipulação de valores e de hábitos sociais há a possibilidade de mudança do paradigma atual.       Haja vista as problemáticas decorrentes da falta de saneamento básico de qualidade no Brasil, mudanças devem ser tomadas para resolver o assunto em questão. É fundamental que a Receita Federal, em apoio com o Governo Federal, aumente o aporte de verbas às diversas esperas de poder relacionadas ao saneamento, visto sua importância pela independência com outras áreas, a exemplo da saúde, de forma a erradicar essa precariedade do sistema. Ademais, cabe ao Ministério da Educação, a criação de políticas educacionais que, ao serem implantadas no ensino público, fomente o combate às situações sanitárias atuais por meio de dinâmicas e de debates, de modo a criar um corpo social mais participativo e consciente de seus direitos. Com essas iniciativas, espera-se que os indivíduos passem a seguir o alerta lançado por Marx, e construir, de fato, uma sociedade mais humanizada.