Enviada em: 07/03/2019

A 'cortização' da saúde e dignidade humana No clássico naturalista “O cortiço”, de Aluísio Azevedo, as personagens são envoltas por um ambiente hostil, onde o saneamento básico é precário e as condições de saúde insalubres. Fora das páginas, o Brasil hodierno também enfrenta problemas gerados pela falta do saneamento básico, situação que demonstra o descaso governamental perante à dignidade humana e enfatiza as desigualdades existentes na nação.  Em primeiro lugar, desde a colonização, é perceptível que o descaso governamental perante as populações mais pobres acarreta dificuldades para esses indivíduos sobreviverem. Desse modo, a inexistência de serviços de saneamento básico, principalmente nas periferias brasileiras, fere o direito inalienável da saúde garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e ,com isso, doenças infecciosas como a disenteria ou patologias provocadas pela deletéria condição de saúde ampliam os índices de óbitos na minoria desfavorecida.  Além disso, a condição pormenorizada em que vive essa grande parcela de brasileiros, agrava as desigualdades existentes no país de dimensões continentais. Desse modo, assim como publicou o importante psicólogo Maslow em seu estudo das hierarquias de necessidades, o indivíduo que não tem suas necessidades fundamentais garantidas acabam por pertencer ao estado primitivo da existência humana e, desta forma, assim como na obra de Azevedo, são ‘animalizados' e perdem a sua dignidade.  Destarte, parafraseando Drummound, é necessário dar as mãos para nutrir esperanças de um mundo melhor para essas populações. Para tanto, é mister que estudantes da área da saúde apelem apoio popular nas redes sociais em campanhas que cobrem o Ministério da Saúde quanto a implantação de saneamento básico com urgência nessas periferias. Ademais, é ponto pacífico que o Ministério da Educação adote aulas especiais no ciclo básico de ensino que visem alertar sobre os perigos e cuidados a serem tomados quando o saneamento básico é escasso, para que, dessa maneira, situações como a de “O cortiço” possam ser apenas cenas da obra literária.