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Enviada em: 17/03/2019

Em meados do século XX, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: "Brasil, país do futuro". Entretanto, quando se observa os desafios enfrentados pela sociedade brasileira para obter acesso e melhorias no saneamento básico, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é importante analisar como a negligência do poder público e da sociedade provocam tal problemática.    A omissão do Estado é a principal responsável pela falta de acesso e qualidade no saneamento básico, principalmente nas comunidades mais carentes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 14,3 milhões de moradias não têm água encanada e 35,5 milhões vivem sem coleta de esgoto. Tal fato causa um impacto exacerbado não apenas na saúde pública, mas também no desempenho de trabalhadores e estudantes, visto que grande parte das doenças que surgem em ambientes sem saneamento básico é causada por verminoses e água ou comida contaminadas por parasitas. Tal circunstância se reflete nos escassos investimentos governamentais em segurança hídrica e coleta de esgoto, medidas que melhorariam o bem estar dos brasileiros, e devido à falta de fiscalização e administração pública por parte de algumas gestões, isso não é concretizado.    Atrelada à indiligência do poder público, a negligência da sociedade também é responsável pelo sistema precário de saneamento básico. Isso acontece porque, na pós modernidade, as pessoas, conforme defende o sociólogo Zygmunt Bauman na obra "Modernidade Líquida", vivem numa sociedade hiperveloz e individualista, onde há carência de diálogos inclusivos sobre o dia a dia do brasileiro. Nesse aspecto, a ausência de debates e discussões acerca de desafios do cotidiano enfrentados para implantar um sistema de saneamento básico de qualidade, abre caminho para determinada "ignorância civil" quanto ao papel coletivo de exigir providências. Ficando clara a necessidade de normas explicativas e conscientizadoras.    Fica evidente, portanto, que atitudes devem ser tomadas para superar os desafios que cercam a melhora e acesso ao saneamento básico. Nessa perspectiva, deve haver um planejamento mais integrado entre os governos Federal, Estadual e Municipal que tenha como principal objetivo tornar o saneamento básico prioridade em seus planos de governo, por meio de investimentos direcionados à coleta de lixo, água e esgoto tratados. Ademais, as secretarias de saúde devem aumentar o número de agentes de endemias nas áreas mais afetadas por doenças provenientes do ambiente carente de higienização básica. Dessa forma, o Brasil será o país do futuro descrito por Zweig.