Enviada em: 06/06/2018

Os dados de pesquisa da Universidade Federal de São Paulo explicitam a gravidade do problema: mais de 8 milhões de brasileiros possui alguma dependência química, principalmente pelo uso de cocaína, álcool e maconha. A grandiosidade e manutenção dessa estatística é resultado da ausência de preparo do sistema de saúde para o tratamento adequado aliada à precária capacitação de profissionais sobre o tema.       É necessário ressaltar, primeiramente, que o sistema de saúde público brasileiro possui uma estrutura desaparelhada e precária para a terapia de transtornos psíquicos. Desde a reforma psiquiátrica, ocorrida em 2001, o antigo processo de tratamento de dependentes não foi devidamente substituído por um novo que auxiliasse os pacientes. O novo processo, que previa a implantação dos centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das Residências Terapêuticas, não ocorreu de maneira total, acarretando na precariedade da atual atenção à saúde mental no país.       Ademais, a falta de profissionais capacitados para atuar na solução dessa problemática é outro fator que dificulta o devido tratamento dos doentes. A ausência da obrigatoriedade de disciplinas relacionadas ao tratamento de transtornos psíquicos relacionados as drogas nos cursos de área da saúde aliada à falta de especializações e cursos ofertados para essa temática, impede a formação de profissionais que auxiliem e promovam a melhoria da qualidade de pessoas acometidas pelo vício e é fator preponderante para manutenção de tal triste realidade no país.        Nesse ínterim, portanto, medidas são necessárias para a reverter este quadro. Cabe ao Estado, por meio do Ministério da Saúde, garantir a implementação de centros terapêuticos em todo o Brasil, com corpo clínico multifuncional e capacitado para o devido tratamento público. Soma-se a isso, o dever do Ministério da Educação, em parceria com as instituições públicas e privadas, em garantir a obrigatoriedade de disciplinas para formação de profissionais nesse tema, além de ofertar mais especializações, garantindo, assim, ampliação de profissionais capacitados. Sob tal perspectiva, poder-se-á melhorar o acesso e qualidade da intervenção clínica nos dependentes.