Enviada em: 05/07/2018

Desde a expansão marítima, ocorrida entre os séculos XV e XVII, os navegantes já utilizavam drogas como algo despretensioso, causando-lhes falsas sensações de bem-estar e relaxamento, o que proporcionava cada vez mais a necessidade do uso. Na contemporaneidade, a realidade não é tão distante disso, tendo em vista o aumento no uso e vício de drogas no Brasil, dificultando, assim, o seu tratamento. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: a falta de políticas públicas e o preconceito imposto aos usuários que necessitam do tratamento.     É importante pontuar, de início, a ausência de políticas direcionadas ao tratamento químico. De acordo com dados disponibilizados pelo SUS, atualmente, tem-se no Brasil apenas 8800 vagas para um total de 600 mil usuários de Crack, resultando, assim, em um serviço de baixa infraestrutura e pequeno índice de sucesso, facilitando o usuário a usufruir cada vez mais da droga, vivendo em um mundo de sensações prazerosas de curto tempo. Nesse aspecto, pode-se criar relações com o pensamento de Zygmunt Bauman, onde o indivíduo vive em uma modernidade líquida, sobrevivendo apenas de falsas sensações, gerando como consequência, no caso, um maior vício e tornando a pessoa dependente químico.      Além disso, nota-se, ainda, que o preconceito contra os indivíduos viciado em drogas é um grande desafio a ser superado na sociedade. Isso decorre em razão de uma imagem negativa do viciado, sendo considerado um ser inferior, dificultando, assim, a pessoa assumir a necessidade de ajuda. Pode-se afirmar tal fato com a pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em que classifica o preconceito contra usuários o segundo no ranking geral. Nessa perspectiva, traz-se como resultado um pensamento transmitido na sociedade, relacionando-se com o conceito da Teoria da Tabula Rosa, onde o individuo nasce em um papel branco e gera ideias e experiência com o passar do tempo, criando-se um ciclo entre gerações.    Torna-se evidente, portanto, que o tratamento químico no Brasil necessita de mudanças urgentemente. Em razão disso, o Ministério da Saúde, em consonância com o Ministério da Justiça, deve discutir e aprovar projetos fiscais visando um maior investimento direcionado ao tratamento de usuários de drogas, esses projetos devem ter como objetivo um aumento de vagas para realização de tal tratamento e melhorias na infraestrutura tencionando um aumento gradual no índice de sucesso na terapia. Além disso, o Ministério da Educação deve realizar palestras nas escolas, com auxilio de profissionais da saúde e psicologia, mostrando os malefícios e efeitos que aquilo causa no indivíduo, a fim de diminuir o preconceito com os próprios.