Enviada em: 15/06/2018

Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma sociedade democrática possuem a mesma importância, além dos mesmos direitos e deveres. No entanto, percebe-se que, no Brasil, os dependentes químicos compõem um grupo altamente desfavorecido no tocante do processo de reinserção social e tratamento, visto que o pais enfrenta uma série de desafios para atender a essa demanda. Nesse contexto, torna-se evidente a carência de estrutura especializada no acompanhamento desse público, bem como a compreensão deturpada do que o leva à dependência.       O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma qualidade intrínseca ao homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por parte do Estado. Nessa lógica, é notável que o poder público não cumpre o seu papel enquanto agente fornecedor dos direitos mínimos, uma vez que, no Brasil, estima-se que 29 milhões de pessoas fazem uso de drogas e sofram de algum transtorno relacionado a esse uso. A lamentável vulnerabilidade à qual são submetidos os dependentes químicos é percebida no déficit de políticas de reinserção vigente no país, que revela o despreparo da rede pública no que tange à inclusão e tratamento dessa camada, de modo a causar entraves à ressocialização desses indivíduos e, por conseguinte, seu abandono e estereotipamento.      Além disso, outra dificuldade enfrentada pelos dependentes se dá pela negligência familiar. Isso acontece porque, na atual sociedade as pessoas passam mais tempo em busca do máximo lucro monetário ou imersos em suas redes sociais - consideradas armadilhas por Bauman - do que com os filhos. Em defesa dessa assertiva, cabe citar o filme baseado em fatos, "Eu, Christiane F.", que conta a história de uma menina de 13 anos que se tornou dependente química por causa da negligência sofrida pelos pais: "Eu era solitária quando criança. Eu só queria pertencer a algum lugar — eu estava lutando contra o mundo.", conta.          Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca desse assunto em palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais dos dependentes, não seja complacente com a cultura do abandono e estereótipo difundidos socialmente. Por fim, ao Poder Público, cabe fortalecer as polícias estaduais para enfrentamento das drogas em áreas mais vulneráveis ao consumo, estender as ações do Projeto Rondon (Ministério da Defesa) e do Projovem (Ministério da Educação) a regiões vulneráveis à violência e ao consumo de drogas, além de capacitar profissionais das redes de saúde e da comunidade escolar para prevenção dos dependentes.