Enviada em: 18/07/2018

No livro "Dom Quixote de La Mancha",de Miguel Cervantes,o protagonista passa por inúmeras batalhas malogradas.Hodiernamente,essa história se assemelha à luta de muitos brasileiros dependentes químicos ,que além de enfrentar o vício, tem que ultrapassar as barreiras da negligência governamental e do preconceito social.    Convém ressaltar,a princípio que muitas vezes a dependência química está vinculada ao crime.Tal fato alinhado com a ignorância social faz com que uma rede de preconceito,exclusão e esquecimento seja criada em torno dessa problemática.Um exemplo é a "cracolândia",em São Paulo,formada por milhares de dependentes em condições desumanas,sem higiene ou alimentação adequada,vista pela maior parte da sociedade,de forma equivocada, como um castigo e não como um fator que incita o vício e ,consequentemente,o crime.    Concomitante,sabe-se também que a internação não pode ser compulsiva,ou seja,ela só ocorre com o consentimento do dependente químico respeitando ,assim, o livre arbítrio.No entanto,é importante inferir que a palavra dependência já configura a falta de auto controle e de coerência entre o pensamento e as ações,como foi evidenciado no livro "Morangos Morfados",de Caio Fernando de Abreu,através de alucinações e crises por abstinência.De maneira a ficar claro que em casos graves,nos quais o vício esteja comprometendo o bem estar coletivo e ,principalmente, a vida do indivíduo é dever do Estado se impor afim de garantir estes que são direito constitucionais.      Entende-se,portanto,que que os principais desafios para o tratamento de dependentes químicos é a falta de apoio social e ação governamental.Sendo importante para reversão desse quadro de marginalização que o Poder Legislativo,através de uma emenda constitucional,torne a internação compulsiva um viés legal para aquelas famílias que desejam o tratamento de indivíduos que estão claramente degradados pelo vício.Além disso,é necessário que o Ministério da Educação lance campanhas mais expressivas,mostrando relatos reais e anualmente levando os alunos do terceiro ano do ensino médio para uma visita à clínicas de reabilitação de dependentes químicos,para que estes estejam verdadeiramente cientes das consequências e ,principalmente,da necessidade de apoio a esse grupo.De modo que ao contrário de Dom Quixote essa causa social tenha sucesso.