Enviada em: 26/07/2018

Desintoxicação política       Tido como um dos países mais restritivos quanto ao consumo de drogas, o Brasil desponta também quanto à dificuldade que enfrenta no tratamento de dependentes químicos. A forma como o governo enxerga a problemática do abuso de drogas e suas vítimas, mantém, decerto, uma íntima relação com os problemas encontrados no tratamento dessas pessoas. A consequência final de tudo isso é um imenso problema de saúde pública, que terá suas causas e possíveis resoluções analisadas a fundo nos parágrafos seguintes.       A recente megaoperação realizada pela prefeitura de São Paulo no centro da cidade, com o objetivo de acabar com a "cracolândia", evidencia a visão das autoridades perante as vítimas da dependência química. Para piorar, não há eficácia no tratamento oferecido por grande parte das clínicas privadas que recebem repasses do governo - cerca de 83 milhões esse ano, segundo o Diário de Pernambuco -, uma vez que não há auxílio no processo de ressocialização e a abstenção das drogas é momentânea.       A criminalização das drogas também se trata de uma importante causa dessa discussão. O combate ao tráfico, por exemplo, demanda muito mais gastos do que o tratamento de dependentes químicos. Pode-se associar, portanto, o pequeno esforço empregado pelo governo em controlar a dependência química à baixa recuperação daqueles que dela são vítimas.       Sendo assim, a descriminalização das drogas e um contato direto das autoridades com a recuperação de viciados são alternativas para esse tema. A primeira, deve alcançar o legislativo e proporcionar uma troca de gastos do combate ao tráfico para o tratamento de dependentes. A segunda, por sua vez, deve ocorrer por meio da criação de entidades governamentais - por parte do próprio governo - de combate à dependência química.