Enviada em: 02/10/2018

No período colonial, dado o enorme plantio de cana de açúcar, o Brasil destacou-se na produção de cachaça, produto de extrema importância para a economia nacional. Entretanto, hoje o país gasta milhões de reais no tratamento de dependentes químicos, fato que traz à tona a ineficiência estatal em administrar os recursos destinados para esse setor, bem como a negligência social em lidar com os usuários.    Em primeira análise, é evidente a ineficácia das políticas públicas no tange ao investimento na recuperação dos dependentes químicos no Brasil. Embora o Governo tenha formado parcerias com algumas entidades, como a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), ainda é precário o atendimento a alcoólatras e usuários de drogas, visto que falta estruturas para internações, acompanhamento psicológico e produção de atividades lúdicas. Com efeito, nota-se indivíduos que dormem na rua e, muitas vezes, quando vão para abrigos ou casas de recuperação, acabam não terminando o processo de desintoxicação, visto que esse procedimento demanda tempo para que o paciente recupere a coordenação motora.    Por outro lado, o descaso social ganha destaque na dependência química de muitos cidadoas. Embora muitas igrejas tenham oferecido trabalhos voluntários a fim de trazer os indivíduos para o convívio social, ainda é precário a oferta de arte-terapia e oficinas terapêuticas, pois as ONGs e as igrejas dependem de doações da sociedade e da iniciativa privada que, historicamente, não dão prioridade para essa problemática. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a maioria dos brasileiros prestam serviços sociais quando o caso comove a nação, como por exemplo, o rompimento da barragem de Mariana ou o prédio que desabou em São Paulo. Nesse sentido, os dependentes químicos ficam à mercê da boa vontade familiar, essa que muitas vezes, não oferece o acompanhamento e atenção necessária.    Fica evidente, portanto, que a dependência química é um problema de saúde pública e carece de medidas estatais e sociais. Para isso, o Governo deve formar parcerias com empresas privadas, por intermédio da destinação de 10% dos impostos arrecadados e investir na construção de casas de recuperação, bem como na oferta de atividades terapêuticas, acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Ademais, cabe as igrejas e ONGs exigirem que o Ministério da Saúde invista em reformas e construções de infraestruturas para acomodar os dependentes químicos e oferecer lhes atendimento profissional. Com essas medidas, o país da água ardente vai conseguir recuperar os visiados a longo prazo e devolver lhes a dignidade constitucional.