Enviada em: 08/10/2018

A constituição federal resguarda em seu texto o direito de todos terem acesso a saúde, assim como sua manutenção ser um direito do Estado. Além disso, a OMS define saúde como o bem-estar no campo físico, social e mental, ou seja, saúde é a junção do bem-estar em campos além do biológico. Todavia, a política pública voltada para o tratamento de dependentes químicos é pautada no princípio de intervenção e internação, ainda que resolva o problema no quesito fisiológico, esse viés pode ser prejudicial ao indivíduo.  O hospital psiquiátrico de Barbacena, também conhecido como Colônia, foi o cenário de maus-tratos  extremos à pacientes internados por problemas desde transtornos mentais até a dependência química, como relatado no livro Holocausto Brasileiro, mesmo que as internações por abuso de drogas tenham diminuído ao longo dos últimos anos, a política de internação e reclusão dessas pessoas ainda é muito forte, afirmada pela lei sancionada em 2017 pelo presidente Michel Temer autorizando a reabertura de Hospitais psiquiátricos. Drauzio Varella, médico e escritor, em entrevista no programa Roda Viva, crítica essa política categorizando-a como ineficiente, pois apesar da internação garantir a medicação do doente e sua desintoxicação, não garante condições no campo social, como um novo trabalho, ou que o ambiente de retorno pós internação não será igual ao  pré-intervenção. Logo, mesmo que seja aplicado o dinheiro público para o tratamento medicamentoso e paliativo, custando no caso do tabagismo 59,6 bilhões ao ano; o indivíduo retornará para uma conjuntura potencializadora de seu retorno à dependência.  Ainda nesse contexto, a internação também causa danos mentais ao dependente. Micheal Foucalt, em sua obra Vigiar e Punir, traz a luz os danos psíquicos que o controle e a violência podem causar, entre eles a perda de identidade. Nesse sentido, em ocasiões como a internação compulsória e a expulsão de moradores de rua da região da Cracolândia em SP, no ano de 2017, mostram a faceta de desrespeito e violência à essa população.  Considerando tudo que foi discutido, é necessário que o Estado, através do ministério da saúde, mude a sua ótica, passando de um olhar médico positivista para um olhar humanista e multidisciplinar, que através de parcerias com empresas do setor privado consiga garantir ao dependente maior acessibilidade ao mercado de trabalho e possível moradia através de programas públicos de habitação. Também torna-se importante que o ministério intervenha no quesito da propaganda, tornando mais forte as campanhas de prevenção como a do cigarro, trazendo imagens mais apelativas e diretas, que mostre a real consequência do abuso das drogas e com tudo isso reduza a chance de reincidência.